É difícil rastrear civis ucranianos em prisões russas para libertá-los, mesmo quando localizados, devido à falta de mecanismo formal.
Os ucranianos enfrentam desafios diários em meio ao conflito em sua terra natal. Muitos ucranianos são detidos e submetidos a condições desumanas em prisões na Rússia e em territórios ocupados. Volodymyr Buzynov é apenas um dos muitos que buscam por seus entes queridos desaparecidos, como seu irmão Mykyta, que está entre os ucranianos detidos.
As dificuldades enfrentadas pelos ucranianos detidos mostram o impacto direto do conflito sobre os civis. A situação é preocupante e exige atenção internacional. Ucranianos como Mykyta merecem justiça e respeito pelos direitos humanos, mesmo em tempos de guerra.
Procurando Mykyta: A busca desesperada por um irmão sumido
Algumas questões relacionadas à detenção de civis ucranianos pela Rússia continuam sem respostas claras. Segundo a lei russa, uma pessoa só pode ser detida durante 48 horas sem ordem judicial e os registros dessa prisão devem ser mantidos. No entanto, muitas vezes a hora, o local e os motivos da detenção não são registrados, não são abertos processos criminais ou administrativos e não são realizadas investigações, de acordo com documentos judiciais analisados pela BBC.
A advogada Polina Murygina, que ajuda presos com seu projeto Todo Ser Humano, diz que encontrar alguém no sistema, e ainda mais extraí-lo dele, é muito difícil. Ela afirma que na maioria das vezes os civis capturados acabam detidos sem defesa, acusação ou julgamento. Essa realidade tem trazido desespero para muitos, como no caso da família Buzynov, que está em busca do paradeiro de Mykyta, desaparecido após a invasão russa na Ucrânia.
A situação é alarmante, uma vez que Secondo informações do governo ucraniano, em novembro de 2023, havia 4.337 ucranianos em prisões russas, sendo 763 deles civis. No entanto, não existe uma lista oficial dos seus nomes, o que torna ainda mais difícil a busca por informações. Além disso, a Cruz Vermelha nem sempre consegue ter acesso aos locais onde os ucranianos estão detidos na Rússia, muito menos a territórios ocupados, onde as instalações de detenção não oficiais podem incluir porões de hotéis e edifícios abandonados.
Os relatos de tortura também são frequentes. Irina Didenko, do Ministério Público da Ucrânia, afirma que ‘90% dos detidos são submetidos a tortura’. No direito internacional, não existe um mecanismo específico para libertar civis do cativeiro e as organizações internacionais têm mostrado pouco progresso na busca e libertação de civis. Ativistas dos direitos humanos argumentam que as regras da Organização das Nações Unidas (ONU) não cobrem este tipo de detento.
Enquanto os familiares de Mykyta e outros civis desaparecidos continuam em busca de respostas, a incerteza e o desespero crescem. O irmão de Mykyta, Volodymyr, afirma que eles têm contatado várias organizações internacionais em busca de ajuda, mas até o momento, as respostas têm sido insatisfatórias. A esperança de encontrar Mykyta ainda está presente, mas a luta para encontrá-lo continua. A busca incansável é uma realidade para muitas famílias ucranianas, que lutam por respostas e pela libertação de seus entes queridos detidos na Rússia.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo