Descarbonização pode favorecer yuan na disputa com o dólar
A desdolarização da economia global é um tema que vem ganhando destaque nos últimos anos, especialmente com a crescente busca por alternativas ao dólar. Países como a China têm buscado promover o iuan como uma moeda de reserva internacional, visando reduzir a dependência do dólar em transações comerciais e financeiras.
No entanto, a desdolarização não é o único movimento importante no cenário econômico global. A descarbonização, ou seja, a redução das emissões de carbono na atmosfera, também tem sido uma prioridade para muitos países. Essa transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis tem impacto direto nas políticas econômicas e financeiras, reforçando a necessidade de encontrar alternativas ao dólar que estejam alinhadas com metas ambientais.
Desdolarização: Um Desafio Para a Hegemonia Econômica Global
E para alguns, a transição para as energias renováveis poderia favorecer a China na disputa com o dólar. É o que defende, em especial, Zongyuan Zoe Liu, especialista em China no Council on Foreign Relations, que se manifestou na revista Noema.
Ele ressaltou que o poder do dólar se deve em grande parte ao fato de ser a principal moeda de negociação do petróleo, estimando que ‘não há garantia de que a hegemonia do dólar americano em nossa economia global atual, baseada em combustíveis fósseis, persista em um mundo descarbonizado’.
De fato, é importante salientar que a China é um dos principais fornecedores de recursos vitais em tecnologias de energias verdes, como os minerais de terras raras e metais críticos como o cobalto, e que o país já criou vários mercados de commodities onde os preços são cotados em iuanes.
Impacto da Desdolarização na Economia Global
Na mesma direção, o governo chinês também criou mercados denominados em iuanes para o petróleo e o cobre, outro metal amplamente empregado em energias verdes e em muitos outros setores.
Liu também destacou que grupos como o bloco dos Brics e a Organização de Cooperação de Xangai não só auxiliaram a China a promover um sistema financeiro menos dependente do dólar, mas também ampliaram a presença do país no comércio global de commodities. O Brasil é, de fato, um dos maiores produtores de lítio, e o Irã possui as maiores reservas de zinco do mundo.
‘Nesse contexto, como um grupo de países não ocidentais, a OCS representa potencialmente uma poderosa aliança de exportadores e importadores de commodities centrada no uso do renminbi para financiar todo o ciclo de vida das commodities, da produção ao consumo, passando pela negociação’, escreveu Liu.
A Importância da Desdolarização para Países Emergentes
Por outro lado, ele frisou que a China não tem como meta derrubar totalmente o dólar na finança internacional, pois isso seria financeiramente desastroso para o país, dado seus investimentos expressivos em ativos americanos. A desdolarização foi um tema central do último encontro dos Brics, e deve permanecer mais atual do que nunca no próximo ano, enquanto a Rússia assume a presidência do grupo.
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Fonte: © BR Investing
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