Líder indígena Paulo Marubo, ex-coordenador da Univaja, morreu em Manaus. Ele foi companheiro de luta do indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022.
O líder marubo, Paulo Marubo, faleceu no último sábado (3), deixando um legado de luta e resistência em prol dos povos indígenas do Vale do Javari. Durante três mandatos, ele esteve à frente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), em Manaus, sendo uma figura central na defesa dos direitos e da cultura indígena. Sua atuação e compromisso foram fundamentais para a causa indígena na região.
Paulo Marubo, conhecido como um proeminente chefe marubo e comandante marubo, liderou com determinação e coragem, sendo um exemplo de liderança indígena. Sua morte é uma grande perda para a comunidade indígena, mas seu legado continuará inspirando e fortalecendo a luta pela preservação dos direitos dos povos originários. Seu trabalho incansável deixou uma marca indelével na história dos povos indígenas do Brasil.
O legado da liderança marubo na proteção da Terra Indígena do Vale do Javari
Segundo o advogado Eliésio Marubo, outra liderança indígena ligada à entidade, Paulo Marubo, seu tio, já apresentava ontem os rins e o fígado bastante comprometidos pela doença. Paulo Marubo, um chefe marubo, foi um dos responsáveis por estruturar a Equipe de Vigilância da Univaja (EVU), que surgiu com a função de ampliar a segurança dos povos originários que habitam a Terra Indígena do Vale do Javari.
O território concentra o maior número de indígenas em isolamento voluntário do mundo e vive sob ameaças do tráfico internacional de drogas, entre outros tipos de crime, como a pesca e a caça ilegais. Paulo Marubo, um comandante marubo, esteve à frente da Univaja por quase uma década e foi quem liderou as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, do The Guardian.
Eliésio Marubo esclareceu que Paulo Marubo chegou a precisar de reposição de plaquetas, fragmentos que ajudam na coagulação do sangue, e da retirada de líquidos da cavidade abdominal.
O desafio da liderança marubo diante da precariedade do Sistema Único de Saúde (SUS)
O ex-coordenador da Univaja teve que ser transportado para Tabatinga (AM) e, depois, para Manaus, onde deu entrada no Hospital 28 de Agosto e permaneceu no corredor da unidade, sem receber o devido cuidado dos profissionais. A transferência ocorreu, pelo que informou Eliésio Marubo, em virtude da precariedade no atendimento da rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
Eliésio Marubo estendeu a crítica à pasta de segurança do Amazonas. No seu entender, o governo deveria ter oferecido um esquema efetivo para garantir a integridade de Paulo Marubo, tendo em vista que era um alvo de criminosos e havia sido ameaçado de morte inúmeras vezes, de modo que, ao ficar vulnerável na unidade hospitalar, o risco aumentava. ‘Ele contribuiu muito para o modelo da Univaja.
Criou uma nova forma de a entidade trabalhar, enfrentar os desafios da nossa região e nos deixa com muita dor por esse passamento.’ Em nota, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) reconheceu o legado deixado por Paulo Marubo. Na mensagem, a entidade afirma que ele ‘criou condições para que a floresta e as vidas que ali habitam sigam em pé’.
A busca por respostas: Ministérios, Funai e Secretaria de Segurança Pública do Amazonas
A Agência Brasil procurou os ministérios dos Povos Indígenas e da Saúde e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e aguarda retorno. A reportagem também pediu posicionamento da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas.
Fonte: © TNH1
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