Escola de Música de Brasília celebra 60 anos de história, maior unidade de ensino, notas musicais misturam-se na vida do estudante.
Se as experiências de Lucy Mendes, de 25 anos, fossem transformadas em uma melodia, seriam uma canção repleta de crescimento e superação, sempre reverberando os acordes da escola de música que frequentava no interior de Minas Gerais. Mesmo tendo que conciliar os estudos com o trabalho em uma padaria, a jovem nunca deixou de lado o seu amor pela música e pela aprendizagem constante na escola de música.
Atualmente, Lucy está em busca de novas oportunidades para aprimorar seu talento, considerando ingressar em um renomado conservatório de música na capital. Ela acredita que a dedicação e o esforço dedicados na escola de música podem abrir portas para um futuro brilhante como músico profissional, seguindo assim sua paixão pela arte sonora.
Envolvimento na Escola de Música de Brasília
Está incluso na rotina o som dos passos para panfletar e convencer novos clientes. É o que lhe garante um salário mínimo, com direito a uma folga por semana. Na história da melodia dessa caminhada, o que mexe com ele de verdade é o som da viola de arco. Enquanto espera o barulho do ônibus para casa, lembra-se das obras de Johann Sebastian Bach.
Mateus é aluno, desde o ano passado, da Escola de Música de Brasília, a maior unidade de ensino pública do gênero no Brasil que, na última semana, completou 60 anos de história, com direito a evento em homenagem a alunos e antigos professores. A cada semestre, a escola recebe aproximadamente 300 alunos e forma, ao menos, outros 300, nos mais variados instrumentos.
No caso de Mateus, que também estuda sistemas de internet, ele se interessou por instrumentos musicais na igreja em que frequenta na periferia. ‘Lá aprendi com meu professor a flauta doce. Depois que entrei na escola de música, convenci outros amigos a também tentarem ingressar. O que eu aprendo eu divido com meus amigos. A música nunca deixa a gente sozinho.’
Junto com ele, na entrada do evento comemorativo dos 60 anos da escola, no Teatro Maestro Levino de Alcântara, estavam dois amigos de Samambaia e da instituição. O estudante Marcos Vinícius Xavier, de 18 anos, toca violão. Junto ao repertório que ele trouxe da vida de rock e MPB, passou a admirar as peças de Heitor Villa-Lobos.
Com eles, a amiga Iandra Santos, de 19, que toca flauta, atualmente faz o curso técnico em farmácia. Os amigos lamentam que demoram mais de uma hora para chegar de ônibus à escola, que fica em um prédio na Asa Sul, no Plano Piloto de Brasília. ‘Mas me faz muito bem estar aqui’, diz a estudante.
Diferentes Origens na Escola de Música de Brasília
O caso dos três amigos da Samambaia não é raro na Escola de Música de Brasília. Segundo o diretor da instituição, Davson de Souza, 80% dos alunos moram fora das áreas nobres e são de regiões administrativas do Distrito Federal, e até de outras cidades do Entorno, em Goiás. ‘Pelo menos 78% dos nossos alunos são também de escolas públicas. A maioria é de pessoas que não têm uma facilidade econômica. Eles valorizam a oportunidade que é estar fazendo música’, afirma.
O diretor, Davson de Souza, de 54 anos, que é negro, explica que seguiu os passos do pai, o também flautista Nivaldo de Souza. Foi aluno da escola desde os 12 anos de idade. ‘Uma das formas mais democráticas acabou sendo a música mesmo, desde sempre. E aí se estende não só aos negros, mas em todas as classes sociais. Isso foi uma preocupação desde o início da criação da escola, de quem criou a escola, que foi o maestro Livino de Alcântara.’ Ele diz que, no local, os filhos da periferia convivem com os filhos da classe média.
Fonte: @ Agencia Brasil