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Ativista indígena Edson Kayapó: “Minha visão colonial estereotipada contra a nossa língua e cultura na literatura. Retratados romantizados, extermínio de populações, necropolítica, apagamento, projeto coletivo. Não moremos como moscas na sopa, resistamos contra força colonial, histórias de ancestralidade silenciadas. José Alencar, romantismo brasileiro, não seremos doces ou domesticados. Universidades e escolas, trazamos nossas histórias, instrumentos de combate, necropolítica não pode continuar.” (148 caracteres)
Os autores indígenas trazem uma perspectiva autêntica e genuína sobre suas culturas e tradições, rompendo com os estereótipos perpetuados por séculos. É fundamental valorizar e dar espaço para as narrativas produzidas por esses autores indígenas, que trazem uma riqueza de experiências e saberes únicos.
Com o surgimento de novos escritores indígenas, a diversidade de vozes e visões na literatura se amplia, enriquecendo o cenário literário nacional e internacional. É inspirador ver como os autores indígenas estão conquistando seu espaço e recontando suas histórias de forma autêntica e empoderada.
Autores Indígenas e a Resistência Contra a Visão Colonial
Silenciada por um longo período, a voz dos autores indígenas sempre se fez presente, resistindo às tentativas de apagamento. A poetisa, educadora e editora Sony Ferseck, do povo Makuxi, enfatiza: ‘Temos voz há séculos, antes mesmo de 1500. Agora, essa voz precisa ser amplificada para além dos espaços habituais.’ Mesmo com a proibição de sua língua, os autores indígenas persistem em resistir por meio de outras formas de expressão, como ressalta Ferseck.
Em uma mesa organizada pelo Sesc-Senac durante a oitava edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, Sony Ferseck e Edson Kayapó discutiram as literaturas indígenas e as narrativas de pertencimento, evidenciando que a visão romantizada sobre os autores indígenas sempre foi parte de uma política colonialista e de extermínio dessas populações. Kayapó critica a representação de José de Alencar, que retratou os indígenas como seres dóceis e passivos diante da colonização, sem resistência.
Os autores indígenas são mais do que apenas personagens em narrativas coloniais. Eles são os guardiões das memórias silenciadas e das histórias ancestrais que foram negligenciadas pela sociedade brasileira e pelo Estado. A literatura indígena, conforme Kayapó, é uma expressão coletiva e ancestral que desafia o projeto de progresso que resultou em genocídio e destruição.
A necropolítica, que promove a morte e o apagamento de culturas, não pode persistir. Mesmo com avanços na inclusão das narrativas indígenas na literatura brasileira, o apagamento ainda é uma realidade presente. As vozes dos autores indígenas têm dificuldade em ecoar devido à resistência das instituições em reconhecê-las. É fundamental romper com o silêncio e valorizar a riqueza das narrativas indígenas para construir uma sociedade mais inclusiva e justa.
Fonte: @ Agencia Brasil