Selic subirá no dia 18? Duas pedras na monetária: processo, inflação, mercado, trabalho, aquecidos, risco, fiscal, transferências, renda, turbulentos, preocupações já habituais.
O discurso do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na conferência anual do Federal Reserve (autoridade monetária dos Estados Unidos, o Fed) de Kansas City, em Jackson Hole, trouxe à tona questões cruciais sobre a inflação no Brasil. Em meio às discussões no cenário internacional, a preocupação com a estabilidade econômica e o impacto da inflação ganham destaque.
Em um cenário marcado pela incerteza econômica global, o alerta para possíveis desdobramentos de uma alta da inflação ressoa de forma significativa. O temor de uma possível hiperinflação ecoa nos mercados, exigindo medidas cautelosas por parte das autoridades financeiras para garantir a sustentabilidade econômica a longo prazo.
Desafios do Controle da Inflação em Meio a Decisões da Selic
As discussões sobre os rumos da taxa Selic foram intensificadas diante das incertezas que rondam o cenário econômico. Na ata da última reunião, o Banco Central apresentou duas abordagens para atingir a meta de inflação de 2% ao ano no primeiro trimestre de 2026. Uma delas, mais moderada, manteria a taxa básica inalterada em 10,50% ao ano por tempo indeterminado. Já a outra, mais rigorosa, demandaria um ajuste para cima nos próximos meses.
Recentemente, as declarações de Campos Neto e sua equipe têm inclinado a balança para a segunda alternativa. Como resultado, os ativos negociados no Brasil refletem a expectativa de elevações consecutivas a partir de setembro, visando alcançar cerca de 12% ao ano no início de 2025.
Desafios do Mercado de Trabalho e Riscos Fiscais
Um dos desafios identificados, conforme relatório da Bloomberg, é o aquecimento do mercado de trabalho. Em linhas gerais, o desequilíbrio entre a oferta de empregos e a disponibilidade de trabalhadores pressiona os salários para cima. Com mais vagas do que candidatos, os trabalhadores têm maior poder de negociação, levando os empregadores a oferecerem salários mais altos para atrair talentos.
Essa dinâmica resulta em um aumento do poder de compra em relação à oferta de bens e serviços, contribuindo para o avanço da inflação. O processo de desinflação torna-se desafiador em um mercado de trabalho aquecido, especialmente em economias emergentes como a brasileira, como destacado pela autoridade monetária.
Outro ponto crítico é a percepção de risco fiscal entre os investidores. A incerteza em relação à capacidade dos governos de cumprir obrigações futuras, incluindo o pagamento de títulos, influencia a demanda por prêmios de risco. Quanto maior o desequilíbrio projetado entre receitas e despesas ao longo do tempo, maior a exigência de compensações para investir em países específicos.
Preocupações com Transferências de Renda e Programas Sociais
Campos Neto destacou a importância de analisar as transferências de renda ampliadas durante a pandemia, levantando preocupações sobre a possibilidade de tornarem-se permanentes ou mais generosas após a crise. O aumento no número de beneficiários de programas sociais levanta questionamentos sobre a sustentabilidade fiscal e a dependência de auxílios governamentais.
O alerta do presidente do Banco Central sobre a extensão e eficácia desses programas reflete a necessidade de uma estratégia clara para garantir a estabilidade econômica e o controle da inflação. A complexidade desses desafios exige uma abordagem cuidadosa e eficiente para mitigar os riscos e manter a economia brasileira em equilíbrio.
Fonte: @ Valor Invest Globo