Vice-presidente de Conteúdo da Netflix falou sobre algoritmização de recomendação de vídeos em Rio2C. Mecanismo por trás de ciência de dados: gosta, engaja, risco, retência, drama, repetição, fórmula. Algoritmo recomenda conteúdo público.
A aplicação da Inteligência Artificial e a análise de dados para influenciar a produção ou o cancelamento de conteúdos, foram temas recorrentes em diversos debates da Rio2C, principal evento de criatividade da América Latina, realizado de 4 a 9 de junho na cidade do Rio de Janeiro (RJ). A discussão central gira em torno de como a Inteligência Artificial está moldando o cenário audiovisual, especialmente nas plataformas de streaming.
Os avanços da IA estão impactando diretamente a maneira como consumimos entretenimento, levantando questões sobre a autonomia das decisões tomadas por algoritmos. A presença cada vez mais marcante da Inteligência Artificial na indústria do entretenimento levanta reflexões importantes sobre o futuro da criação de conteúdo e a influência da tecnologia no processo criativo.
Inteligência Artificial na Indústria do Entretenimento
A pergunta sobre o uso de Inteligência Artificial na produção de conteúdo foi direcionada à Netflix, que é reconhecida como pioneira na algoritmização como mecanismo de recomendação para seu público. A plataforma realmente incorpora IA e ciência de dados em suas decisões de produção e renovação de séries, porém destaca que a intuição humana ainda desempenha um papel crucial.
Os bots da Netflix realizam monitoramento detalhado, analisando, por exemplo, em que momento exato os espectadores abandonam um episódio, se retornam ou desistem definitivamente. Assim, o que se destaca como bom conteúdo é aquele que ressoa com o público, gerando engajamento.
Durante um painel na Rio2C, Elisabetta Zenatti, vice-presidente de Conteúdo da Netflix no Brasil, enfatizou que a qualidade é uma abordagem centrada na audiência, mas que não pode ser reduzida a uma fórmula matemática. É mais uma maneira de compreender as preferências do público, pois são as pessoas que têm o poder de influenciar a produção de conteúdo.
Zenatti também ressaltou que a diversidade de conteúdo é o segredo por trás da retenção do público, abrangendo desde realities até séries criminais e produções inovadoras. Ela destacou que, se bastasse ter mais dados ou algoritmos mais avançados, não haveria fracassos ou competição na indústria do entretenimento.
O uso da IA na criação artística foi o foco do painel ‘A Importância de Encontrar a Verdade Emocional’, com Ron Leshem, criador da minissérie israelense Euphoria. Leshem expressou críticas à IA, referindo-se a ela como ‘a morte da criatividade’ e ‘a morte da verdade’.
Segundo Leshem, existe na indústria do entretenimento um ‘algoritmo do drama’, um conjunto de regras que têm sido seguidas por muito tempo, como a jornada do herói, e que agora são potencializadas pela algoritmização. No entanto, ele ressaltou que os programas mais bem-sucedidos são aqueles que desafiam essas regras, como Euphoria, que apresenta um retrato realista da geração Z.
O cineasta Jorge Furtado, roteirista e diretor da Globo, alertou para o risco da repetição na criação de conteúdo. Ele destacou que os criadores muitas vezes são incentivados a seguir fórmulas pré-estabelecidas, resultando em falta de inovação. Furtado enfatizou a importância de acreditar no criador, que não deve se submeter ao algoritmo, mas sim buscar algo único e autêntico.
Furtado ressaltou que a criação está sempre à frente do algoritmo, e que a verdadeira inovação surge quando se rompe com os padrões estabelecidos. Ele expressou esperança de que a indústria do entretenimento esteja superando a fase inicial de dependência excessiva de algoritmos.
Fonte: @ Ad News