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Operação “Churrascada”: 80 policiais federais executaram 17 mandados em Paulista. Indícios de corrupção: venda de decisões judiciais. Allegados integrantes da AMG Organização Criminosa. Serviços de saúde: ausência de profissionais, fachada. Buscas em capital e interior. Indícios de crime.
A Operação Churrascada, realizada pela Polícia Federal, teve início nesta quinta-feira, 20/6, com o intuito de combater a corrupção e a impunidade no sistema judiciário. O foco da investigação é apurar possíveis práticas ilícitas envolvendo a venda de decisões judiciais por um desembargador da área criminal do TJ/SP, identificado como Ivo de Almeida, da 1ª câmara de Direito Criminal do tribunal.
As autoridades estão empenhadas em desvendar os meandros da corrupção que permeiam a venda de sentenças judiciais, visando coibir o desvio de recursos públicos e garantir a transparência e a justiça no sistema judicial brasileiro. A sociedade clama por ações enérgicas no combate ao desvio de fundos públicos e à corrupção, a fim de promover a integridade e a credibilidade das instituições responsáveis pela aplicação da lei.
Desdobramentos da Operação Churrascada e os Indícios de Corrupção
Além do conhecido desembargador Ivo de Almeida, outros dois advogados de Ribeirão Preto, localizado no interior paulista, estão sob investigação na operação em curso. Por ordem do ministro OG Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma equipe composta por mais de 80 agentes da Polícia Federal realizou o cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão em endereços situados tanto na capital quanto no interior de São Paulo.
A Operação Churrascada, desdobramento da Operação Contágio deflagrada em 2021 pela Polícia Federal em São Paulo, tem como foco desarticular uma organização criminosa conhecida por desviar fundos públicos destinados à área da saúde. Documentos da Controladoria-Geral da União, que embasaram a Operação Contágio iniciada em 20 de abril de 2021, revelam que a Organização Criminosa AMG, que recebeu cerca de R$ 100 milhões de três municípios paulistas para a prestação de serviços de saúde, contava em seus quadros com indivíduos variados, incluindo um agricultor, estudantes, comerciantes e até um apicultor responsável pela criação de abelhas.
Os municípios de Hortolândia, Embu das Artes e Itapecerica da Serra contrataram os serviços da AMG. Segundo informações da Polícia Federal, a falta de profissionais de saúde na estrutura da organização sugere que esta era apenas uma fachada, utilizada com o propósito exclusivo de desvio de verbas públicas em favor de um grupo criminoso.
O histórico do desembargador Ivo de Almeida revela sua trajetória na magistratura. Nascido em São Paulo em 1958, ele é graduado em Direito pela PUC/SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Iniciou sua carreira como juiz substituto na 3ª Circunscrição Judiciária em Bauru, sendo posteriormente removido para a 2ª Circunscrição Judiciária em São Bernardo do Campo no mesmo ano. Ao longo dos anos, ele ocupou diferentes cargos na magistratura, culminando com sua posse como desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) em 2013.
Fonte: © Migalhas