Discrepâncias no tratamento oncológico afetam população negra, com desfechos piores para tumores e acesso ao tratamento desigual – IX Congresso Internacional de Oncologia D’Or.
No Brasil, a incidência de câncer ainda é um desafio de saúde pública importante, com impacto desigual nas diferentes camadas da sociedade. Muitas vezes, a falta de acesso ao tratamento adequados pode agravar significativamente o prognóstico das pessoas afetadas pelo câncer. Por isso, é essencial implementar políticas de saúde voltadas para reduzir as desigualdades no enfrentamento dessa doença tão impactante.
Em muitos casos, a detecção precoce de tumores malignos é fundamental para aumentar as chances de cura e sobrevivência. Portanto, a conscientização sobre a importância dos exames preventivos e a busca por assistência médica regular são passos essenciais na luta contra o câncer. Cuidar da saúde e estar atento aos sinais do corpo são atitudes que podem fazer toda a diferença no combate a essa condição desafiadora.
Desigualdades raciais no tratamento do câncer em debate no IX Congresso Internacional de Oncologia D’Or
Uma mesa do IX Congresso Internacional de Oncologia D’Or, realizado recentemente no Rio de Janeiro, trouxe à tona questões importantes sobre as discrepâncias no atendimento aos negros quando se trata do câncer. A oncologista Ana Amélia de Almeida Viana, renomada especialista da área de Salvador (BA), destacou que as diferenças raciais resultam em desfechos piores para tumores malignos que vão além de aspectos genéticos.
Um dos pontos levantados por Viana foi como a inequidade social impacta diretamente a saúde da população negra, empurrando-a para condições desfavoráveis. Estudos apresentados indicam que, no Brasil, o risco de morte por câncer de colo de útero é 27% maior para mulheres negras, refletindo a urgência em abordar questões sociais que interferem no acesso ao tratamento e no desfecho da doença.
A pesquisadora ressaltou que a disparidade no tratamento oncológico não se resume apenas a questões econômicas, mas também possui um forte componente racial. Pacientes negros muitas vezes recebem menos cuidados paliativos, doses reduzidas de medicamentos e enfrentam obstáculos que afetam diretamente sua qualidade de vida durante a luta contra o câncer.
Por exemplo, no caso do câncer de mama, estudos revelam que mulheres negras têm uma sobrevida 25% menor do que as brancas no Brasil. Outro caso citado foi o sarcoma de Kaposi, cuja prevalência em pacientes negros é atribuída à dificuldade de acesso aos medicamentos adequados, como os antirretrovirais para controlar o HIV, agravando ainda mais a situação.
Ana Amélia Viana compartilhou experiências de pacientes que enfrentaram discriminação racial no ambiente de saúde, evidenciando como os preconceitos impactam diretamente o tratamento e a jornada de cura. Para a especialista, é fundamental promover um ambiente de respeito e integridade no atendimento oncológico, adotando protocolos que minimizem o viés implícito e garantam a igualdade no cuidado aos pacientes, independentemente de sua origem étnico-racial.
Fonte: @ Metropoles