ouça este conteúdo
Banco Central presidido quer baixa Selic, mas estruturais impedem maior redução. Fatores: política econômica, fiscal, credibilidade, inflação, gastos estruturais, novos metas, dívida pública, taxa neutra, convergência.
Ao discutir os desafios econômicos atuais, é inevitável abordar a questão dos juros altos no Brasil. Essa realidade impacta diretamente a vida dos cidadãos, refletindo em empréstimos mais caros e menor poder de compra.
Além disso, a manutenção de uma taxa de juros elevada dificulta a retomada do crescimento econômico e atração de investimentos, prejudicando o desenvolvimento a longo prazo. É fundamental encontrar um equilíbrio que permita a redução dos juros reais longos, impulsionando a economia de forma sustentável.
Desafios da Política Monetária diante de Juros Altos
‘E se a gente determinar a taxa de um dia sem credibilidade, o juro real longo vai subir’. Segundo Campos, o Banco Central ‘gostaria de ter a taxa de juros mais baixa possível’, mas questões estruturais que fogem do controle da autoridade monetária impedem uma redução maior da Selic.
Campos respondia a questionamentos do empresário e banqueiro Rubens Menin, durante painel em evento do Esfera Brasil, em Guarujá, litoral de São Paulo. Menin havia dito não saber ‘até que ponto nós vamos aguentar essa quimioterapia pesada’, ao se referir à política monetária do Banco Central.
‘A Selic não determina o prêmio de risco [do juro] longo’, argumentou Campos. ‘Quais foram os momentos na história do Brasil que a gente teve taxa de juro real longa caindo? Foram exatamente os momentos em que as pessoas entenderam que tinha uma credibilidade da política econômica’, disse o presidente do BC, ao citar os momentos em que o teto de gastos e o novo arcabouço fiscal foram aprovados.
Campos ainda comparou a chamada taxa neutra – que não provoca inflação nem desinflação – do Chile, de cerca de 2%, com a do Brasil que roda em torno de 4,5% a 5%, segundo ele. ‘Se a minha taxa de juros neutra fosse baixa, eu também viveria com uma taxa de juros real mais baixa também’, disse. ‘A gente precisa combater a causa do por quê os juros estruturais do Brasil são tão altos’, complementou o presidente do BC.
Convergência da Dívida e Metas do Banco Central
Roberto Campos Neto afirmou que o que mais importa para a autoridade monetária é que haja uma convergência da dívida fiscal do Brasil, e não tanto as medidas que são tomadas no dia a dia do Ministério da Fazenda. Durante seu painel no evento do Esfera Brasil, ele defendeu o sistema de metas do Banco Central baseado no horizonte relevante de 12 a 18 meses. ‘Pra gente é importante a sustentabilidade’, disse.
‘Às vezes as pessoas olham muito a inflação corrente, mas se o Banco Central fizesse política monetária olhando a inflação corrente, seria como dirigir um carro olhando o retrovisor. Você vai bater o carro’, disse Campos, ao defender a tomada de decisão com base nas expectativas de inflação dos agentes econômicos, que segundo ele são ‘bem racionais’.
O presidente do BC ainda lembrou que foi contra as desonerações para baixar o preço da gasolina adotadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. ‘A gente faz uma desoneração, o preço abaixa hoje e aí eu tenho que aumentar o preço no ano que vem de novo se for feito de uma forma artificial. E, no final das contas, eu estou transferindo uma inflação presente para uma inflação futura’, afirmou.
Fonte: @ Valor Invest Globo