Preços de hospedagem e passagens aéreas estão altos nos EUA e Canadá. ‘Caçadores de eclipse’ organizam eventos onde a sombra da Lua cobrirá o Sol, evitando caos turístico.
Os turistas estão ansiosos para presenciar o espetáculo natural do eclipse total do Sol, que promete ser um momento inesquecível para quem está na rota da totalidade. A expectativa é de que milhares de pessoas se reúnam para assistir a esse fenômeno astronômico único no céu.
A popularidade do eclipse total do Sol é evidente pela lotação dos hotéis e aluguéis por temporada, com turistas de diversos lugares se deslocando para a região privilegiada para assistir a esse incrível fenômeno astronômico. A emoção de presenciar a Lua encobrindo completamente o Sol é algo que atrai a atenção de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Para onde viajar para ver o eclipse?
E as autoridades esperam que mais de 3 milhões viajem para essa área só por causa do eclipse. Ou seja, é como se a população flutuasse cerca de 10% a mais. Tudo de uma vez.
A equipe da TV Globo viajou ao noroeste do estado de Nova York, perto das Cataratas do Niágara – um dos lugares onde o eclipse será total e um também dos pontos mais procurados pelos turistas na fronteira entre EUA e Canadá. Os voos estavam praticamente esgotados, com preços duas ou mais vezes o valor normal.
De trem, não havia nenhuma opção para chegar a tempo partindo da cidade de Nova York, base da nossa equipe. Para alugar carro, poucos veículos disponíveis. Por isso, as autoridades dessas localidades onde eclipse será total insistem: ‘chegue cedo, saia tarde’. Porque há previsão de engarrafamentos muito mais intensos do que algumas dessas cidades estão acostumadas.
Há o medo de que ambulâncias ou carros de bombeiros, por exemplo, não consigam atender a chamados de urgência nesta segunda-feira. O estado de Indiana, por exemplo, declarou estado de emergência. E o lado canadense das Cataratas do Niágara fez a mesma coisa – mesmo sendo um local já acostumado com fluxo intenso de turistas.
Em em várias partes da América do Norte, escolas vão fechar ou encerrar o expediente mais cedo para que todos possam ver o eclipse – e desafogar o trânsito.
Preparativos para o eclipse
Em Nova York, a governadora do estado, Kathy Hochul, viajou para a região do eclipse total, onde montou uma equipe multidisciplinar que vai – tentar – garantir que os serviços públicos, especialmente de saúde e segurança, funcionem normalmente.
Apesar dos temores de um caos turístico, havia uma atmosfera de festa em Buffalo, cidade no noroeste do estado de Nova York que verá o fenômeno em sua totalidade.
As ruas estavam cheias – inclusive com turistas que não sabiam onde parar o carro – e as lojas, repletas de camisetas, almofadas, canecas e outras lembrancinhas do eclipse total do sol.
Os entusiastas do eclipse
Desde a Idade Antiga a humanidade consegue prever – ou pelo menos ter uma ideia – quando os eclipses vão acontecer.
Historiadores acreditam que povos na Babilônia estimavam o fenômeno seis séculos antes de Cristo. Portanto, na era dos telescópios de alta precisão – e da inteligência artificial generativa – os fãs de astronomia não têm desculpa para organizar suas viagens de última hora.
Os ‘caçadores de eclipse’ já estão há dias na estrada.
Caso do Rik Yeames, de 64 anos, que tem sorte de viver perto da ‘rota da totalidade’. Ele mora em Concord, no sul do estado americano de New Hampshire.
Desde terça-feira, Rik tirou folga do trabalho como dono de franquia de uma rede de pizzarias para – como ele mesmo diz – ‘levar adiante a palavra do eclipse’.
‘Desde criança, sou apaixonado por astronomia, mas só há nove anos comecei a levar isso a sério. Minha mulher disse que eu precisava de um hobby, e eu achei o meu. Eu disse a ela: ‘cuidado com o que deseja’’, contou ao g1. E aconteceu – Rik arrumou um hobby: viajar para ver eclipses. Este será o quarto na vida dele – o último foi em 2017, também nos EUA.
A Dawn, esposa do Rik, cedeu à outra paixão do marido e embarcou com ele a bordo do EclipseMóvel (um Dodge Challenger preto todo decorado em homenagem ao eclipse) rumo ao norte de New Hampshire.
‘A Dawn me acompanhou em todos os quatro eclipses que eu assisti e espero que ela esteja comigo em todos os demais’, disse.
E é ali, perto da fronteira do Canadá, que o casal e o filho vão assistir ao fenômeno com outros 30 caçadores de eclipse – inclusive pesquisadores da Plymouth State University, que vão observar as interações do ambiente com o rápido momento (entre três e quatro minutos) que o local ficará todo encoberto pela sombra da Lua.
Rik vai ter 84 anos quando o próximo eclipse total do Sol passar pelos Estados Unidos – em agosto de 2044. No Brasil, vai demorar ainda mais para o fenômeno ser visível – só em 12 de agosto de 2045, apenas em parte do Norte e do Nordeste (Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco).
Se o ‘caçador de eclipses’ pretende ir ao Brasil assistir ao fenômeno com os brasileiros? Rik diz que sim, e com a esposa. ‘Tenho mais uns 30 anos de vida pela frente. E quero ir com a Dawn a todos eles, dentro e fora dos EUA.’
Fonte: © G1 – Globo Mundo