Especialista em nutrição e comportamento. Autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” e coautora de “A Dieta Ideal”.
Vivemos em uma sociedade que valoriza o peso. Porém, é sempre relevante reforçar que o peso e saúde não são necessariamente correlacionados.
É fundamental compreender que a balança não é a única maneira de avaliar a saúde. O peso corporal é apenas uma parte da equação quando se trata de bem-estar. Outras medidas de balança como a massa corporal e a distribuição de gordura também desempenham um papel crucial em nossa saúde geral.
Entendendo a Importância do Peso Corporal
Na realidade, considerando que o Brasil é um dos líderes em cirurgias plásticas estéticas, uso de medicamentos para perda de peso e consumo indiscriminado de esteroides anabolizantes, é evidente que muitas pessoas até comprometem a saúde em busca da estética.
Um dos motivos por trás dessa significativa insatisfação está na crença de que existe um peso ideal a ser atingido, o que acaba gerando insegurança e ansiedade em muitas pessoas – e até mesmo um medo intenso de subir na balança.
É claro que há situações em que esse dado é relevante. Ele se destaca principalmente nos casos extremos, ou seja, de pessoa com baixo peso ou com excesso de massa corporal. No entanto, antes de nos preocuparmos com os extremos, é fundamental compreender o que é considerado normal e esperado quando falamos de peso.
Nosso peso é a resultante de todos os componentes do corpo humano e vários fatores fazem com que ele varie – e muito! A balança, por sua vez, tem a capacidade de avaliar apenas essa soma, indicando se estamos mais leves ou mais pesados. Variações de 0,5 a 1,5 kg no mesmo dia são consideradas normais, dependendo do peso médio da pessoa, e não necessariamente significam que houve um aumento ou diminuição de massa corporal.
Subir na balança geralmente não é a forma mais precisa de compreender a condição do corpo e da saúde.
Fatores que Influenciam a Variação de Peso no Curto Prazo
As oscilações no peso corporal observadas ao longo do dia ou de um dia para o outro estão associadas a diversos aspectos: hábitos alimentares (como o peso antes e depois das refeições), consumo de itens ricos em sódio e álcool, alterações hormonais (como as típicas da tensão pré-menstrual), uso de medicamentos (como corticoides), além do funcionamento intestinal da pessoa – por exemplo, a constipação pode levar a um aumento médio de 300 g por dia.
Além desses motivos, é crucial mencionar o estado de hidratação: esse é um dos fatores que mais rapidamente afetam o peso corporal. A diferença de peso antes e depois do exercício, por exemplo, reflete apenas a relação entre a quantidade de líquido perdido através da transpiração e a quantidade consumida para a reidratação durante o treino. Perder mais peso durante um treino indica apenas uma maior desidratação.
Se a pessoa beber uma grande quantidade de líquidos, seu peso pode se manter ou até mesmo aumentar (dependendo do volume) – isso não significa que o treino foi menos eficaz, apenas que ela consumiu água em excesso. Com o passar do tempo, o organismo se adapta e retorna ao seu peso habitual.
Portanto, é essencial compreender que não existe um peso único para cada indivíduo: ele oscila dentro de uma faixa determinada. Com isso em mente, perseguir um peso ‘ideal’ como objetivo é um equívoco. O mais indicado é entender a faixa de peso saudável para cada pessoa.
Oscilação de Peso em Médio Prazo
Além das flutuações diárias de peso, observa-se um padrão semanal: geralmente, domingo e segunda-feira tendem a ser os dias em que a pessoa está mais pesada, enquanto na quinta e sexta-feira, dependendo dos hábitos,
Fonte: @ Estadão