Nacional de Rádio pondera futuro trancado pelo golpe: reformas habitacionais, sistema financeiro, processos de autoconstrução, loteamentos, decreto de base, preços extorsivos, baixa oferta, políticas públicas aluguéis.
O documentário ‘Memórias do Golpe de 1964’ traz relatos emocionantes de sobreviventes e testemunhas oculares daquele período sombrio da história do Brasil. O Golpe de 1964 marcou profundamente a sociedade brasileira, deixando marcas que perduram até os dias atuais.
O golpe militar de 1964 foi um momento crucial na história do Brasil, que resultou em anos de repressão e violações dos direitos humanos. As consequências do golpe de Estado ainda são sentidas pela população, que luta para manter viva a memória daqueles que foram perseguidos e silenciados durante aquele período conturbado.
Golpe de 1964: Impacto na Reforma Habitacional
Segundo o Ministério Público de São Paulo, o desastre deixou pelo menos 508 mortos e é o maior da história do Brasil. No entanto, as investigações foram arquivadas, resultando em um número oficial de mortes bem menor: 93 pessoas. O caso da Vila Socó exemplifica o abandono que as pessoas de baixa renda enfrentaram durante os 21 anos de ditadura em que as políticas habitacionais priorizavam os sistemas de moradia ligados ao sistema financeiro.
O custo da habitação não estava incluído no salário do trabalhador, levando à exclusão de muitos. Nabil Bonduki, urbanista e professor da USP, destaca que o trabalhador não ganhava o suficiente para pagar por uma moradia adequada. A alternativa para aqueles excluídos do direito básico à moradia era recorrer a processos de autoconstrução, onde as casas eram erguidas em etapas, adquirindo material aos poucos e construindo em loteamentos, legais ou clandestinos.
As favelas e invasões, que já existiam antes, proliferaram nesse período, refletindo a falta de estruturas básicas para uma vida digna, como rede de água e esgoto ou transporte público. A exclusão era evidente em locais como Cubatão, principal polo petroquímico do país, onde metade dos habitantes vivia em favelas.
A reforma habitacional era uma das propostas de João Goulart em suas reformas de base, discutida no histórico comício da Central do Brasil em 13 de março de 1964. O decreto que regulamentaria os preços extorsivos dos apartamentos vazios também foi mencionado, abordando o problema dos altos aluguéis, resultado da baixa oferta de imóveis para locação.
Os episódios anteriores lançaram luz sobre as propostas de políticas públicas em debate nos anos 60, que desencadearam a união da direita e a interrupção do processo democrático no Brasil. As Reformas Estruturais de Base, apresentadas por João Goulart, foram o ponto de partida para investigações sobre um país com desafios como a distribuição injusta de terras e o êxodo rural em meio à industrialização.
Essas histórias, recuperadas na primeira temporada de Perdas e Danos, destacam os projetos que interromperam o progresso do país, conforme mencionado pela jornalista Mariluce Moura.
Fonte: @ Agencia Brasil