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Um fabricante veterano de 30 anos confessa o uso de peças de ferro-velho do interior na produção. Termos: ferro-velho, interior, linhas de montagem, processos de fabricação, regulamentados, itens pequenos (parafusos, montagens), complexos (flaps de asa), ruins e boas separadas.
Um ex-inspetor de qualidade da Boeing revelou que, ao longo dos anos, práticas irregulares na Boeing eram comuns na fábrica do 787 Dreamliner em Everett, Washington. Em uma entrevista recente, Merle Meyers, com 30 anos de experiência na empresa, expôs à mídia internacional um esquema intricado em que peças descartadas eram resgatadas de um ferro-velho interno e reincorporadas às linhas de montagem. Essa prática não oficial, segundo Meyers, era uma estratégia dos gerentes para atender aos prazos de produção, mesmo que isso comprometesse a qualidade dos aviões.
As alegações de práticas intencionais e organizadas na Boeing continuam a surgir, com denúncias recentes de que peças potencialmente defeituosas foram ocultadas dos inspetores da FAA. Essas peças, conforme relatado por um denunciante, podem ter sido utilizadas na construção de aeronaves, representando um risco à segurança pública. Meyers enfatiza que as práticas irregulares na Boeing não eram incidentes isolados, mas sim uma estratégia deliberada para contornar os controles de qualidade e cumprir os exigentes cronogramas de produção da empresa.
Práticas Irregulares na Boeing: Problemas com Peças e Processos de Fabricação
Um único Boeing 787 Dreamliner, por exemplo, possui aproximadamente 2,3 milhões de peças, desde itens pequenos como parafusos até montagens complexas como flaps de asa. A maioria das peças que deveriam ser descartadas eram frequentemente pintadas de vermelho para indicar que não eram adequadas para as linhas de montagem da fábrica, revelou Meyers. No entanto, práticas não oficiais e intencionais, organizadas para contornar os processos regulamentados, permitiram que algumas dessas peças fossem utilizadas na montagem dos aviões.
Meyers, que era responsável por encontrar problemas de qualidade na Boeing, destacou a gravidade da situação em entrevista à CNN Internacional. Ele ressaltou a importância de manter as peças ruins e as boas separadas, um requisito essencial para um sistema de qualidade eficaz. Aviões são máquinas altamente especificadas, com padrões de segurança muito mais rigorosos do que trens e carros, o que torna essas práticas irregulares ainda mais preocupantes.
Segundo Meyers, a prática de utilizar peças não aprovadas nas linhas de montagem da Boeing persiste, mesmo após a proibição de remover peças do ferro-velho. E-mails internos da empresa revelam que Meyers alertou repetidamente a equipe de investigações corporativas da Boeing sobre violações flagrantes das regras de segurança. No entanto, as investigações falharam em aplicar as medidas corretivas necessárias, ignorando observações de testemunhas oculares e evidências do trabalho árduo realizado para garantir a segurança dos passageiros e tripulantes.
Meyers levou suas preocupações sobre as práticas irregulares na Boeing para autoridades federais, um painel do Senado dos EUA e o New York Times. A Boeing, em resposta, afirmou que investiga todas as alegações de comportamento impróprio, como a movimentação não autorizada de peças ou o manuseio incorreto de documentos, e implementa melhorias quando necessário.
Essas revelações surgem em meio a um cenário de turbulência para a Boeing, que enfrenta uma série de controvérsias relacionadas à sua cultura de segurança. Uma investigação criminal está em andamento para apurar se a empresa enganou a FAA sobre a certificação do 737 Max em 2017, após os trágicos acidentes que resultaram na morte de 346 pessoas em 2018 e 2019. A empresa está sob escrutínio, e a pressão por mudanças na cultura interna e nos processos de fabricação é cada vez maior.
Fonte: © CNN Brasil