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Piora econômica: Petrobras e Vale levam Ibovespa a alta, em face de inflação e real fraco. Dólar forte desvaloriza real, aumenta preços de matérias-primas e pressiona consumidor. Setor de empregos dos EUA aquecido, gastos do governo suspeitos. Ibovespa gira R$ 15,5 bilhões diários, acima de R$ 16,8 bilhões (dados médios).
O Índice Ibovespa dá o tom para o início do segundo semestre, com um leve viés positivo para o mercado acionário brasileiro. Após um primeiro semestre desafiador, em que registrou quedas superiores a 7%, o Índice Ibovespa mostra sinais de recuperação, com um aumento discreto de 1,5% no último mês.
O desempenho do Índice Ibovespa, conhecido como o principal índice de ações do Brasil, reflete a movimentação da Bolsa de Valores de São Paulo e impacta diretamente os investidores e operadores do mercado financeiro. A oscilação do Índice Ibovespa é acompanhada de perto por aqueles que buscam oportunidades de investimento e buscam entender as tendências do mercado acionário nacional.
Índice Ibovespa: Reflexo da Economia Brasileira
O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, revelou uma piora nas projeções econômicas, com expectativas mais pessimistas para a inflação e a cotação do dólar. Essa mudança de cenário geralmente indica um ambiente de maior cautela para os investidores, podendo resultar em pressão negativa sobre o índice de ações do Brasil. No entanto, com a ajuda de empresas de peso ligadas à demanda externa, o Índice Ibovespa conseguiu fechar em alta neste pregão.
Vale e Petrobras, duas gigantes beneficiadas pela desvalorização do real e pelo aumento nos preços de suas matérias-primas de exportação, minério de ferro e petróleo, respectivamente, representam em conjunto um quarto do Índice Ibovespa. A forte alta dessas duas empresas foi suficiente para impulsionar os ganhos, apesar da queda de outros papéis, como os do setor de varejo, que enfrentaram dificuldades diante da perspectiva de manutenção de juros elevados e aumento da inflação.
Assim, o índice brasileiro encerrou o dia com uma alta de 0,65%, atingindo os 124.718 pontos. No entanto, no acumulado do ano, registra-se uma queda de 7%. O Índice Ibovespa teve mais um dia de baixo volume de negociações, com um giro de R$ 15,5 bilhões, abaixo da média de R$ 16,8 bilhões por dia nos últimos 12 meses.
Nesta semana, o mercado está ansioso por novos dados da economia dos Estados Unidos. Após uma inflação dentro das expectativas, que animou os investidores internacionais, agora é a vez do mercado de trabalho ser o foco. O setor de empregos aquecido tem sido um desafio para o Federal Reserve, o banco central dos EUA, que monitora de perto esse indicador ao decidir sobre a política monetária.
Um mercado de trabalho forte indica uma certa ociosidade de vagas, levando as empresas a oferecerem salários melhores para atrair talentos, o que eleva o ganho médio e estimula o consumo. Com um aumento do consumo, surge uma pressão inflacionária que não pode ser ignorada por uma autoridade monetária responsável.
Embora no início do ano tenha havido uma forte correlação entre a política de juros nos EUA e o mercado brasileiro, questões locais estão ganhando destaque. A percepção de aumento do risco fiscal, juntamente com a desconfiança em relação à capacidade do governo de cortar gastos para equilibrar as contas, tem gerado uma fuga de capitais estrangeiros e contribuído para o aumento das taxas de juros.
Esse movimento resultou em um novo rali nas taxas do Tesouro Direto. Mais uma vez, o dólar comercial atingiu a máxima em dois anos e meio, subindo 1,15% hoje e sendo negociado a R$ 5,65. No acumulado do ano, a moeda americana se valorizou em 16,5%. A curva de juros também tem sido impactada pela incerteza fiscal e pela saída de dólares.
Especificamente nesta segunda-feira, o receio de uma maior inflação foi o principal fator que mexeu com os contratos de curto prazo, que são mais sensíveis às mudanças no ciclo monetário atual. O mercado teme que a recente valorização do dólar leve os preços para cima. A Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 foi ajustada de 10,74% para 11,20%, refletindo a cautela dos investidores diante das incertezas presentes no cenário econômico atual.
Fonte: @ Valor Invest Globo