Trágica enchente afeta 2,1 milhões pessoas em 446 gaúchos municípios. Climática, diferentes deslizamentos submergiram casas, granjas. Camadas de chuva, triste século. Pontos de 10m inundados. Reconstruir bairros vulneráveis a climáticos extremos. Municípios interditados: Defesa Civil, Bombeiros.
O recente deslizamento de terra no Rio Grande do Sul, considerado uma das maiores tragédias climáticas da região, afetou diretamente a vida de milhares de pessoas. As imagens de casas soterradas e famílias desabrigadas evidenciam a gravidade da situação, que requer uma resposta urgente das autoridades e da comunidade.
Além dos impactos imediatos do deslizamento de terra, a região agora enfrenta o desafio de se recuperar dos danos causados pelo deslizamento. O risco de novos deslizamentos e a necessidade de prevenir futuras tragédias exigem um plano de ação coordenado e eficaz, que envolva medidas de segurança e assistência às vítimas.
Deslizamento de Terra: Uma Tragédia Climática
O agricultor Nilvaldino Brino, de 59 anos, sobrinho de Elírio e Erica Brino, ambos de 78 anos, passa por essa terrível situação. Ele estava na granja dos tios, em uma comunidade rural de Roca Sales, pouco antes de um deslizamento de terra deixar toda a fazenda e seus parentes soterrados sob uma grande quantidade de lama. Este trágico episódio aconteceu no dia 30 de abril, por volta das 15h30. Já chovia forte na ocasião e ele tinha ido ajudar os parentes a desobstruir uma tubulação que estava entupida por conta das chuvas. ‘Não deu cinco minutos. Eu cheguei em casa, guardei o trator e aí escutei um estouro. Parecia um avião caindo. Eu e minha mulher vimos a terra, a lama, descendo de (uma altura de) uns 40 metros, ou até mais. Aí, as pessoas saíram correndo’, lembra Nivaldino, que precisou se mudar para a casa dos filhos, em Muçum, cidade vizinha a Roca Sales.
Seis pessoas estavam na casa no momento do deslizamento. Uma das vítimas é Gabriela Brino, de 9 anos. Ela era afilhada de Nivaldino, que ministrava aulas de catequese para a menina e outras crianças da comunidade local. Além dela, foram vítimas também a irmã, Maria Eduarda Brino, de 20 anos; os pais delas, Dorli, de 52, e Janice, de 49 anos, e também os avós, Elírio e Érica Brino, ambos de 78 anos – tios de Nivaldino. A granja onde todos os seis viviam, diz o agricultor à reportagem, foi construída pelo seu avô, pai de Elírio, há mais de um século.
Hoje, os seis configuram na lista de desaparecidos que a Defesa Civil do Estado divulga para informar quantas e quem são as principais vítimas das chuvas que assolam as cidades gaúchas desde o final de abril. Ao todo, são 125 vítimas nessas condições. De acordo com o Corpo de Bombeiros e a Prefeitura da cidade, o local do deslizamento tem pontos de até 10 metros de terra encharcada, e os impactos da chuva na região dificultam o acesso de máquinas que possam fazer a retirada da lama.
Roca Sales foi fortemente atingida pelas atuais enchentes – são 3 óbitos e 12 desaparecidos até o último levantamento. A cidade é um dos quatro municípios gaúchos, ao lado de Barra do Rio Azul, Muçum e Cruzeiro do Sul, que planeja reconstruir os bairros devastados em outros locais, em endereços que são considerados menos vulneráveis aos eventos climáticos extremos. A propriedade de Nivaldino não chegou a ser completamente atingida pelo deslizamento. A terra passou pelo lado e ele perdeu alguns maquinários. Mesmo assim, o terreno precisou ser interditado pela Defesa Civil e pelos Bombeiros, sob o risco de um novo colapso.
Sem poder voltar para casa, onde até o deslizamento mantinha uma produção de frutas, ele segue esperando pela localização dos seus familiares. Ele admite, porém, que as chances de serem encontrados com vida, mais de 10 dias do desmoronamento, são praticamente impossíveis. ‘É uma dor muito grande. Não temos cabeça, outra função, senão encontrar os familiares. Ao menos para dar um sepultamento digno e minimizar um pouco a nossa dor. Eles merecem’, lamenta com a voz embargada. ‘A gente’
Fonte: © Notícias ao Minuto