Embarcação da Open Arms, ONG de resgate a migrantes, inaugurou corredor marítimo para Gaza. Parte do carregamento atingido por bombardeio.
Recentemente, Gaza voltou a ser destaque nas notícias devido a um trágico incidente envolvendo uma equipe da ONG World Central Kitchen. O grupo, que estava atuando na região, foi inesperadamente alvejado e morto pelas Forças Armadas de Israel, em um incidente que chocou o mundo.
A violência na Faixa de Gaza parece não dar trégua, causando preocupação para aqueles que trabalham em missões humanitárias na região. É fundamental que haja um esforço conjunto para garantir a segurança dos profissionais que atuam em Gaza, evitando assim novas tragédias e perdas irreparáveis.
Gaza: Uma Ponte Humanitária pela Faixa de Gaza
A equipe acabava de realizar uma missão complexa: entregar parte das 200 toneladas de alimentos enviadas a Gaza por mar, na carona de um barco pesqueiro. Este barco dos anos 1970, pertencente à Open Arms, agora dedicava-se a resgates a migrantes que naufragavam no mar Mediterrâneo. A organização foi fundada em 2015, em meio à crise dos refugiados que assolava a Europa naquela época.
No início deste ano, devido a mudanças políticas e logísticas, a Open Arms decidiu recalcular sua rota, enfrentando oposição do governo italiano em relação aos resgates. O fundador da ONG, Òscar Camps, recebeu auxílio do renomado chef espanhol José Andrés, que já trabalhava no envio de alimentos para Gaza por meio de caminhões que cruzavam a fronteira com o Egito.
Aproveitando uma brecha aberta por Israel, que em dezembro de 2023 reabriu o corredor marítimo a Gaza após 20 anos, José Andrés criou uma ponte para enviar ajuda humanitária. Ele buscou contatos na região do Mediterrâneo, autorização do governo do Chipre e organizou o transporte dos alimentos até Gaza por via marítima.
A Jornada da Open Arms
A embarcação da Open Arms, um barco pesqueiro de 1974 restaurado por Camps, foi fundamental nessa missão. Navegando por longas distâncias e enfrentando desafios climáticos, a equipe finalmente chegou a Gaza. No entanto, um obstáculo se apresentou: o território não possuía estrutura portuária para atracar o barco, apesar da abertura do corredor marítimo.
Para superar essa dificuldade, os esforços da World Central Kitchen resultaram na construção de uma base flutuante temporária em Gaza, feita com escombros de áreas atingidas por bombardeios. A situação era delicada, pois a região ainda vivia em uma zona de guerra, com Israel realizando ataques.
O Trágico Ataque e a Suspensão das Operações
Infelizmente, alguns dias depois, a tragédia atingiu a equipe humanitária. Sete membros da World Central Kitchen, de diversas nacionalidades, incluindo um palestino, perderam suas vidas em um bombardeio israelense ao comboio. A comunidade internacional lamentou a perda desses heróis.
Após o incidente, José Andrés acusou Israel de realizar um ataque intencional, enquanto o governo israelense negou tal alegação. Mesmo diante da tragédia, a Open Arms persistiu em sua missão, enviando uma segunda leva de alimentos para Gaza. No entanto, a maioria das ONGs decidiu suspender suas operações no território após o ataque.
A saga humanitária em Gaza continua, com desafios e obstáculos, mas também com determinação e solidariedade. A esperança permanece viva, mesmo em meio às adversidades. Gaza, e sua Faixa de Gaza, precisam mais do que nunca do apoio da comunidade internacional para superar essa crise humanitária. A ponte para a ajuda está estabelecida, cabe a todos nós fortalecê-la.
Fonte: © G1 – Globo Mundo