Veredito desta terça: 1.184 condenados por crimes na ditadura em 317 sentenças na Argentina. 62 julgamentos em andamento.590.
A justiça argentina proferiu uma sentença histórica nesta terça-feira (26), condenando 10 ex-agentes da ditadura à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade. O veredito revelou mais de 400 atos criminosos cometidos em três centros clandestinos de Buenos Aires, reforçando a importância do combate à impunidade.
O poder judiciário argentino demonstrou sua eficiência ao finalizar o julgamento iniciado em 2020, promovendo a justiça e contribuindo para a memória e verdade do país. A condenação dos envolvidos reflete o compromisso da magistratura em garantir que os responsáveis por atrocidades cometidas no passado sejam responsabilizados pelos seus atos.
Justiça em Ação
Testemunhas e sobreviventes prestaram depoimento e, segundo o tribunal federal de La Plata, o responsável pelo processo, ficaram provados os seguintes crimes:
- Sequestro.
- Desaparecimento forçado de perseguidos políticos
- Homicídio
- Tortura
- Estupro
- Roubo de crianças
- Abortos forçados.
A maioria dos condenados cumpre prisão domiciliar. A corte ordenou perícias médicas para decidir se vai enviá-los para prisões. As condenações foram dadas dois dias depois do aniversário do golpe de Estado de 24 de março de 1976. O regime vigorou até 1983, e nos últimos dias houve marchas em todo o país para lembrar do período, sob o lema ‘memória, verdade e justiça’.
Centros clandestinos durante a ditadura
O julgamento revelou fatos que ocorreram em centros clandestinos de detenção conhecidos como Poço de Banfield, Poço de Quilmes e Brigada de Lanús, este último chamado de ‘inferno’ pelos crimes que foram cometidos ali contra perseguidos políticos. Os três funcionavam sob a supervisão do temível ex-diretor da polícia da província de Buenos Aires, Miguel Etchecolatz. Além de Etchecolatz, mais cinco acusados morreram durante o processo e 12 receberam o veredito (veja mais abaixo os nomes das pessoas condenadas). Entre os 12 que foram julgados, Dez foram condenados à prisão perpétua, um a pena de 25 anos de prisão e um foi absolvido.
Avós da Praça de Maio e a busca por Justiça
A associação Avós de Praça de Maio, a organização que busca bebês sequestrados durante o cativeiro de suas mães e entregues a outras famílias, foi parte do processo, junto com sete netos restituídos. Até hoje, o trabalho das Avós permitiu restituir a identidade de 133 netos dos 400 que a organização estima que foram sequestradas durante o cativeiro de suas mães. María Victoria Moyano Artigas, de 45 anos, nasceu no Poço de Banfield durante o cativeiro de sua mãe. Ela disse à agência de notícias AFP que está feliz com as penas impostas.
O papel da Justiça nos julgamentos
Com o veredito desta terça-feira, 1.184 pessoas foram condenadas no total por crimes durante a ditadura em 317 sentenças em toda a Argentina. Outros 62 julgamentos seguem em andamento. A Justiça condenou à prisão perpétua Federico Antonio Minicucci, Guillermo Matheu, Carlos Romero Pavón, Roberto Balmaceda, Gustavo Fontana, Jaime Lamont Smart, Jorge Héctor Di Pasquale, Juan Miguel Wolk, Horacio Luis Castillo e o médico policial Jorge Antonio Bergés. O ex-policial Alberto Julio Candiotti recebeu uma condenação a 25 anos de prisão e seu amigo Augusto Barré foi absolvido.
A Justiça está atuando de forma incansável para garantir que os responsáveis por crimes de lesa-humanidade durante a ditadura sejam devidamente punidos, trazendo alívio e justiça para as vítimas e suas famílias. As marchas em todo o país demonstram a busca incessante pela verdade e pela memória, reforçando a importância do poder judiciário na promoção da justiça e da dignidade para todos.
Fonte: © G1 – Globo Mundo