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Futuro magistrado no Migalhas conta barragens para aprovação: perdeu visão progressiva, falta acessibilidade escolar em braile, estudos digitais inacessíveis, sentiu igualdade de condições durante concurso. Precisou de ajuda rigorosa em rotina de estudos, utilizou equipamentos brasileiros e livros em braile. Colegas forneceram cursos acessíveis e determinação foi chave.
No próximo sábado, 27, a Justiça do Trabalho celebrará um momento histórico de diversidade. Márcio Cruz, advogado renomado, assumirá o cargo de juiz do Trabalho, marcando uma nova era de inclusão e representatividade.
O futuro de Márcio Cruz como juiz do Trabalho promete trazer inovação e sensibilidade para a área jurídica. Sua trajetória inspiradora destaca a importância da igualdade de oportunidades e do respeito à diversidade no ambiente de trabalho.
Márcio Cruz: Uma Inspiração para o Futuro da Magistratura do Trabalho
Márcio Cruz, aos 44 anos, natural de Maringá/PR, trilhou um caminho de superação e determinação até conquistar sua aprovação no II CNU – Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na carreira da magistratura do Trabalho. Sua jornada, marcada por desafios e vitórias, revela a importância da igualdade de condições e da acessibilidade em todos os âmbitos da sociedade.
A história de Márcio Cruz é um exemplo de resiliência. Desde os quatro anos de idade, ele perdeu progressivamente a visão, enfrentando obstáculos decorrentes da falta de acessibilidade e inclusão. A falta de material escolar em braile e a necessidade de contar com a ajuda de colegas para acessar os conteúdos acadêmicos foram apenas alguns dos desafios que ele superou ao longo de sua trajetória.
Durante sua jornada acadêmica, Márcio sentiu na pele a importância de uma infraestrutura mais inclusiva. A falta de recursos e a rigidez da rotina de estudos o impulsionaram a buscar soluções inovadoras. Com a ajuda de equipamentos e tecnologias assistivas, como computadores e leitores de telas, ele conseguiu se preparar adequadamente para os concursos, tendo acesso a livros digitais e cursos acessíveis.
Em 2005, Márcio ingressou como técnico judiciário, seguido pela aprovação como analista judiciário em 2011, onde atuou por 12 anos no TRT da 9ª região. Agora, em 2024, ele está prestes a assumir o cargo de juiz, um marco em sua carreira que reflete sua dedicação e perseverança ao longo dos anos.
O destaque de Márcio na prova oral do CNU evidenciou sua competência e talento, proporcionando-lhe a sensação de competir em igualdade de condições com os demais candidatos. A acolhida e a acessibilidade encontradas durante o concurso não apenas facilitaram seu processo, mas também reforçaram sua determinação em alcançar seus objetivos.
Atualmente, na Justiça do Trabalho, apenas dois magistrados com deficiência visual atuam em 2º grau, incluindo o desembargador Ricardo Tadeu, que foi uma fonte de inspiração e apoio para Márcio ao longo de sua jornada. O exemplo de Márcio destaca as possibilidades de ascensão de pessoas com deficiência a cargos de destaque no serviço público, ressaltando a importância da inclusão e da acessibilidade em nossa sociedade.
Fonte: © Migalhas