Estudo do BID sobre racionalização de políticas educacionais e trabalho docente: investigou questões étnicas no mercado escolar, contratos e infraestrutura. (142 caracteres)
O estudo ‘O ciclo interminável da desigualdade racial na educação brasileira: quando a pluralidade racial e étnica resulta em desigualdade racial’, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) em colaboração com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) nesta segunda-feira, 10 de junho, traz à tona a urgência de se combater as disparidades que afetam negros e pardos no sistema educacional.
A análise revela a complexidade das barreiras que perpetuam a desigualdade racial no ambiente escolar, destacando a necessidade de políticas públicas eficazes para promover a equidade e a inclusão. É fundamental que a sociedade como um todo se una em prol da transformação desse cenário, garantindo oportunidades iguais para todos os estudantes, independentemente de sua origem étnico-racial.
Desigualdade Racial na Educação e no Mercado de Trabalho Docente
Considerando cor/raça de estudantes e professores, incluindo os territórios diferenciados, a pesquisa analisou quais as características da oferta educacional desde a educação básica e superior até o mercado de trabalho docente. No evento de divulgação dos dados, o secretário-executivo substituto do MEC, Gregório Grisa, enfatizou a importância de abordar a desigualdade racial em todas as políticas educacionais.
Ele ressaltou: ‘Incluímos a questão étnico-racial em todas as nossas políticas. Isso demonstra o comprometimento do governo federal com educação de qualidade, com equidade, diversa e plural. É uma decisão política’. Os dados fornecem insumos para os programas existentes, principalmente no âmbito do financiamento.
A pesquisa revela que a oferta da educação pública não é equitativa para pretos, pardos e indígenas. Em relação à infraestrutura escolar, por exemplo, 98,2% dos estudantes brancos em escolas convencionais têm acesso a água, energia e coleta de lixo e esgoto. Já o acesso de alunos pretos, pardos e indígenas no mesmo tipo de escola varia de 96,5% a 89,5%.
Dos 2,3 milhões de discentes sem infraestrutura mínima, 86% são pretos, pardos ou indígenas. Além disso, a pesquisa aponta que pretos, pardos e indígenas têm maior interesse na carreira docente, com percentuais mais elevados em comparação aos estudantes brancos.
No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), os cursos da educação, especialmente para pretos, pardos e indígenas, apresentam desempenho inferior. Ao adentrarem o mercado de trabalho docente, os professores tendem a ensinar alunos de mesma cor/raça.
Sobre os contratos de trabalho, considerando apenas escolas convencionais, a disparidade é evidente. Professores brancos com contrato efetivo representam 69,8%, enquanto pretos, pardos e indígenas possuem percentuais menores. O extremo está entre professores indígenas em território indígena, onde apenas 12,5% possuem contrato efetivo.
A secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão, Zara Figueiredo, destaca a importância de políticas que promovam a equidade em todas as esferas do sistema educacional. A pesquisa evidencia a persistência da desigualdade racial ao longo do ciclo educacional e profissional, reforçando a necessidade de ações integradas para promover uma educação mais justa e inclusiva.
Fonte: © MEC GOV.br