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Pesquisa mostra obesidade e exposição a químicos disruptores, endocrinos, como causas precoce de menarca. IMC, estresse psicológico-socioeconômico, acesso a alimentos saudável, cuidados de saúde, disparidades socioeconômicas influenciam.
De acordo com uma recente pesquisa divulgada no jornal científico JAMA Network Open, foi observado um aumento considerável na incidência da menarca precoce. Enquanto a média de idade para a menarca precoce era de 11,5 anos entre aquelas nascidas entre 1990 e 1999, esse número diminuiu para 11,2 anos entre aquelas nascidas entre 2010 e 2015.
Essa tendência de menarca precoce pode estar relacionada a diversos fatores, incluindo mudanças ambientais e hábitos alimentares. A antecipação da menstruação pode impactar a saúde das meninas e requer uma atenção especial por parte dos profissionais de saúde.
Impacto do Índice de Massa Corporal (IMC) na Menarca Precoce
a pesquisa recente, que examinou informações de mais de 71 mil mulheres nascidas entre 1950 e 2005, também descobriu que a porcentagem de meninas que experimentaram a menarca antes dos 11 anos aumentou de 8,6% para 15,5% durante o mesmo período. Além disso, houve um acréscimo no período necessário para que os ciclos menstruais se regularizassem após a menarca. Menos da metade das mulheres que alcançaram a menarca entre 2000 e 2005 mencionaram ter ciclos regulares dentro de dois anos, em comparação com mais de 75% das mulheres nascidas entre 1950 e 1969. Mas o que está por trás disso? Diversos fatores foram identificados como contribuintes para essa tendência. A obesidade infantil emergiu como um dos mais proeminentes.
A análise sugere que o aumento do índice de massa corporal (IMC) durante a infância pode explicar cerca de 46% dos casos de menarca precoce. Os especialistas afirmam que o tecido adiposo adicional pode impactar a produção de hormônios que aceleram o início da puberdade. Além disso, a exposição a substâncias químicas conhecidas como disruptores endócrinos, presentes em plásticos, pesticidas e outros produtos, também pode interferir no desenvolvimento hormonal das crianças. Estresse psicológico e socioeconômico na infância e mudanças no padrão alimentar são outros fatores que podem estar relacionados a esse cenário.
Outras questões que parecem exercer influência, de acordo com o estudo, são o ambiente familiar e o nível de atividade física. Disparidades e implicações O estudo do JAMA revelou disparidades significativas na tendência de menarca precoce e dificuldades adicionais para a regularização do ciclo, com maior prevalência entre meninas de status socioeconômico mais baixo. A exposição a condições de vida mais estressantes, menor acesso a alimentos saudáveis e falta de cuidados com a saúde são alguns dos fatores que contribuem para uma menstruação mais precoce.
O estudo destaca algumas implicações para a saúde associadas à menarca precoce. Entre os principais, menciona-se um risco ligeiramente maior de doenças cardiovasculares na vida adulta e um aumento na incidência de certos tipos de câncer, como o de mama e o endométrio. Essa predisposição pode ser explicada pela exposição prolongada ao estrogênio, embora seja crucial observar que a presença de outros fatores, como genética e estilo de vida, também desempenha um papel na história.
Outro ponto levantado é o possível aumento no risco de distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2. A menarca precoce pode indicar alterações no desenvolvimento hormonal que se manifestam mais tarde na vida. No entanto, manter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada e atividade física regular, pode auxiliar na minimização do perigo. O que fazer?Helga Marquesini, ginecologista e obstetra do Hospital Pro Matre Paulista, enfatiza que estar atento às transformações do corpo feminino é essencial: ‘O primeiro sinal da puberdade, o aparecimento do broto mamário, ocorre entre os 8 e 13 anos de idade. Geralmente, após uns dois anos, chega a menarca’.
Fonte: @ Veja Abril