Programa “Viva a Vida”: voz e imagens simples melhoram idosos de Guarulhos (60+), 527 inscritos, grupo de intervenção (298), controle (305), depressivos significativos. UBS, SUS, Marcia Scazufca (FM-USP), Departamento de Psiquiatria, Hospital das Clínicas. Amostra: 603.
As mensagens trocadas pelo WhatsApp têm se mostrado uma ferramenta valiosa para conectar pessoas e fortalecer laços, especialmente em tempos de distanciamento social. Um levantamento recente revelou que o uso frequente do aplicativo contribui para a redução da sensação de isolamento e promove interações significativas entre os indivíduos.
Além disso, a possibilidade de enviar mensagens instantâneas e compartilhar fotos e vídeos torna o WhatsApp uma plataforma versátil para manter contato com amigos e familiares, independentemente da distância física que os separa. A praticidade oferecida por esses móveis digitais tem impactado positivamente a qualidade de vida de muitas pessoas, demonstrando o potencial transformador da tecnologia na promoção do bem-estar emocional.
Estudo sobre Impacto de Mensagens de WhatsApp em Idosos com Sintomas Depressivos
A pesquisa conduzida por Marcia Scazufca e sua equipe, recentemente publicada na renomada revista Nature Medicine, trouxe à tona descobertas significativas no campo da saúde mental. Scazufca, renomada professora do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e pesquisadora no Hospital das Clínicas, liderou um ensaio clínico inovador e controlado que envolveu 603 participantes com idade acima de 60 anos.
O estudo, realizado em 24 clínicas de atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), focou em indivíduos que apresentavam sintomas depressivos significantes. Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos distintos: o grupo de intervenção, composto por 298 inscritos, recebeu mensagens de WhatsApp do programa ‘Viva a Vida’ duas vezes ao dia, quatro dias por semana, ao longo de seis semanas. Enquanto isso, o grupo-controle, formado por 305 participantes, recebeu apenas uma mensagem educacional.
Marcia Scazufca destacou que 527 dos 603 participantes completaram a avaliação de seguimento, evidenciando uma adesão significativa ao estudo. Entre os participantes do grupo de intervenção, 42,4% apresentaram melhorias nos sintomas depressivos, em comparação com os 32,2% do grupo-controle. Esses resultados indicam a eficácia das mensagens móveis na abordagem de curto prazo da depressão em idosos em regiões com recursos de saúde limitados.
A ferramenta de triagem utilizada, o PHQ-9, revelou-se fundamental para a seleção dos participantes, permitindo uma avaliação precisa da presença e gravidade dos sintomas depressivos. A escala do PHQ-9, que varia de 0 a 27, foi crucial para identificar desde casos de depressão leve até casos de depressão grave na amostra estudada.
O programa ‘Viva a Vida’ adotou estratégias inovadoras para alcançar a população idosa de baixa renda, incluindo mensagens de voz e imagens, em vez de mensagens de texto, devido ao baixo índice de alfabetização nesse grupo. A linguagem acessível e a abordagem baseada em programas de rádio populares contribuíram para a eficácia das intervenções.
Esses achados ressaltam a importância das mensagens de WhatsApp como ferramenta viável no tratamento da depressão em idosos, especialmente em contextos com recursos de saúde limitados. O estudo de Scazufca e sua equipe abre novos horizontes para abordagens inovadoras no cuidado da saúde mental, destacando o potencial das tecnologias móveis na promoção do bem-estar emocional em grupos vulneráveis.
Fonte: © CNN Brasil