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Quinta de operação Disclosure: Americanas anuncia mudança de trajetória (11/01/2023). Polícia Federal investiga inconsistências contábeis de bilionários. CVM e recuperação judicial da Comissão de Valores Mobiliários. Riscos de grupo de ações: Desqualificação, operação, Polícia Federal. Sacado.
Em 27 de junho de 2024, cerca de dezoito meses após o impactante anúncio que marcou um novo capítulo na trajetória das Americanas, a saga pós-escândalo contábil da varejista ganhou um novo desdobramento com o início da Operação Disclosure, conduzida pela Polícia Federal.
A Operação Disclosure, deflagrada pela Polícia Federal, trouxe à tona mais detalhes sobre a controvérsia envolvendo as Americanas (AMER3), repercutindo intensamente no cenário varejista. A investigação revelou informações cruciais que impactaram diretamente a reputação da empresa, gerando repercussões significativas no mercado.
Americanas: Fraude Contábil Bilionária e Impactos no Mercado
A operação em questão, que investiga fraudes contábeis no valor expressivo de R$ 25,3 bilhões, resultou em 2 mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos das investigações está o ex-CEO Miguel Gutierrez. Esse desdobramento fez com que o mercado voltasse no tempo, mais especificamente ao dia 11 de janeiro de 2023, às 18h32 (horário de Brasília).
Naquela ocasião, a Americanas apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um fato relevante que revelava inconsistências contábeis bilionárias, alterando drasticamente o rumo da varejista. De uma empresa que enfrentava desafios comuns ao setor, mas que contava com o respaldo de analistas e projeções otimistas sob nova gestão, a Americanas passou a ser alvo de escrutínio do mercado. Isso resultou na desvalorização de suas ações, impactando o mercado de crédito e gerando incertezas sobre sua governança corporativa, levando a uma menor cobertura por parte de especialistas do setor, que agora vislumbram um futuro incerto para a varejista.
Relembrando os eventos mais marcantes envolvendo a Americanas nesse período turbulento:
Americanas: Desafios e Reviravoltas
Na noite de 11 de janeiro de 2023, a Americanas anunciou a identificação de inconsistências contábeis no montante de até R$ 20 bilhões. No mesmo dia, o CEO recém-chegado Sergio Rial e o CFO André Covre renunciaram aos seus cargos. No dia seguinte ao comunicado, as ações da empresa despencaram 77%, passando de R$ 12 para R$ 2,72, resultando em uma perda de R$ 8,34 bilhões em valor de mercado. Era evidente que a companhia enfrentaria grandes desafios devido ao rombo contábil.
Em 19 de janeiro do ano anterior, a Americanas formalizou seu pedido de recuperação judicial, sendo excluída de 14 índices da B3. No dia 20, o valor da ação chegou a R$ 0,79, transformando-se em uma penny stock. Desde então, a desvalorização atingiu 97%, com os ativos encerrando a última sessão a R$ 0,40 e a empresa sendo avaliada em R$ 361 milhões. Em maio, a companhia aprovou um grupamento de ações na proporção de 100 para 1, com vigência a partir de 17 de julho.
As discrepâncias contábeis surgiram devido ao fato de que o ‘risco sacado não era registrado como dívida’, ou seja, a dívida da empresa era substancialmente maior do que se pensava. O risco sacado, uma operação que envolve antecipação de valores a receber por fornecedores, não estava sendo devidamente contabilizado. Essas operações são comuns em vendas para varejistas e indústrias, onde os fornecedores antecipam recebíveis com os bancos, que se tornam credores das empresas compradoras.
Para esclarecer as inconsistências, foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. A Americanas admitiu ter indícios de fraude nos resultados e mencionou ex-diretores, mas não houve acusações formais até o momento.
Fonte: @ Info Money