No Brasil, o sono de pessoas é estudado: jantam às 22h, chegam ao trabalho antes das 9h, festeiam às 3h da madrugada. Sonecos: fim-de-semana, clima, descanso após almoço, culturas, padrões, cidadãos, média-hora.
Depois de uma semana explorando a cultura japonesa, Melissa Perri ficou impressionada. As pessoas ao seu redor jantavam às 18h e já estavam na cama às 21h. Além disso, elas acordavam antes do sol nascer para praticar meditação. Surpresa, Melissa abriu o Instagram e postou: ‘Pergunta séria para os japoneses… Como vocês conseguem esses hábitos-de-sono tão disciplinados?’
Curiosa, Melissa decidiu pesquisar mais sobre os padrões-de-sono em diferentes culturas. Ela descobriu que os hábitos-de-dormir variam significativamente ao redor do mundo, influenciados por tradições e estilo de vida. Fascinada, Melissa compartilhou em seu blog: ‘A importância dos hábitos-de-sono para a saúde e bem-estar é universal, mas a maneira como cada cultura os encara é única‘
Explorando os Hábitos de Sono
Qual é o mistério por trás dos hábitos-de-sono? Esse questionamento gerou um grande engajamento online, com 11 mil curtidas, mais de 1.000 respostas e uma quantidade igual de tweets citados. É inegável que a temática desperta interesse. E assim, iniciamos uma investigação aprofundada.
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Uma resposta recorrente ao tweet de Melissa é a importância da soneca. Curiosamente, essa prática é mais comum entre pessoas que não são espanholas. Mas por quê? Alguns dados podem nos fornecer pistas: 60% dos espanhóis nunca tiram sonecas, enquanto apenas 16% o fazem diariamente.
Isso deixa cerca de 3% que reservam a soneca apenas para os fins-de-semana, e aproximadamente 20% que a adotam esporadicamente. Embora existam variações regionais na Espanha (comunidades como Aragão ou Múrcia têm hábitos-de-sono mais regulares do que a média, enquanto Euskadi e Galiza são menos adeptos), muito disso está relacionado ao clima.
Apesar dos dados mencionados, na Espanha, o descanso após o almoço está em declínio. Os hábitos-de-sono são influenciados pela combinação de ciclos biológicos, condições ambientais e práticas culturais. O costume espanhol de almoços leves e ar condicionado excessivo está levando ao desaparecimento do cochilo pós-refeição, justamente quando sua eficácia para aumentar a produtividade é reconhecida.
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Então, onde encontrar respostas? Em 2016, pesquisadores da Universidade de Michigan analisaram os ‘padrões-de-sono’ em diversos países ao redor do mundo. Embora os ritmos circadianos sejam estudados em laboratório, faltavam dados reais sobre os hábitos-de-sono domésticos das pessoas.
Para preencher essa lacuna, os pesquisadores utilizaram o tempo de uso de celulares de participantes globais. Embora essa abordagem tenha limitações, revelou-se uma ferramenta útil para estimar o tempo médio de sono dos cidadãos de cada país.
Ao revisar os dados, surge a constatação de que os espanhóis têm hábitos-de-sono noturnos, indo para cama mais tarde que a maioria dos países analisados. No entanto, em termos de duração do sono, estão na média, com um pouco menos de oito horas. Surpreendentemente, são os que acordam mais tarde, diferenciando-se de nações como Brasil, Alemanha, Japão e Singapura, que dormem menos, embora mais cedo. Os espanhóis também se destacam por dormirem tarde, sendo superados apenas pelos Emirados Árabes.
Será que o mistério está resolvido? Na realidade, os espanhóis não desfrutam de um sono tão reparador quanto poderiam. Países vizinhos como França, Países Baixos, Bélgica e Reino Unido tendem a dormir mais horas em média. Não podemos ignorar a natureza complexa e variável dos padrões-de-sono em diferentes culturas e regiões.
Fonte: @ Minha Vida