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Apenas após o real ser implementado, em 1º de julho de 1994, investir em ações no Brasil se tornou viável para mais investidores. Operadores de mercado, prédio da corretora, negócios eletrônicos, telefone, à viva-voz, notas e caneta – todos estes termos estão relacionados ao mercado de ações.
Era novembro de 2005. Um corretor da Bolsa de Valores de São Paulo se agita com outros investidores na multidão que lota o hall da B3. Tablet e caneta em mãos. O celular preto e prateado preso ao seu bolso toca. – Adquira 10 mil ações da Petrobras a 50 [reais].
No segundo parágrafo, a realização do Plano, Real se tornou evidente para todos os presentes. Os investidores comemoravam os lucros alcançados, fruto de uma estratégia bem-sucedida. A atmosfera de otimismo e prosperidade pairava sobre o ambiente da bolsa de valores.
Operador no Plano Real
O corretor se desloca rapidamente até uma das rodas mais barulhentas do saguão. Avista um rosto conhecido e segue na sua direção – o amigo sussurra ao seu ouvido: ‘comprador a 230 [reais] por vendedor a 233 [reais]’. Seus olhos se fixam na tela de cotações acima, onde um sinal verde brilha. Para se destacar na multidão, ele se apoia na grade de metal, delimitando uma mini arena onde os negociadores de Vale se concentram. O operador estica o braço direito, como se chamasse alguém, gritando com entusiasmo: – Tomo 5 mil a 231!
Outros operadores correm em sua direção com ordens de venda para papéis da Vale, disputando o melhor negócio. Em menos de 1 minuto, o acordo é fechado e os documentos são levados ao balcão para registro, enquanto o sistema eletrônico é atualizado. O telefone não para de tocar, e a movimentação continua.
A Revolução do Plano Real
Nos anos 1990, o cenário das bolsas de valores no Brasil era regional, com pregões tranquilos. Tudo mudou com a implementação do real em 1º de julho de 1994, tornando o investimento em ações uma opção viável para mais investidores. O Ibovespa fechou o ano com uma alta de 42,6%, marcando o início de um novo mercado financeiro.
O Plano Real colocou o Brasil no mapa global, impulsionando a evolução do pregão eletrônico. Luiz Mariano de Rosa, operador de bolsa desde os anos 1990, destaca a transição gradual para o sistema eletrônico. O pregão eletrônico, precursor do home broker, substituiu o tradicional ‘viva-voz’, onde os operadores negociavam aos berros, com telefones ‘tijelão’ e boletas em mãos.
Memórias da Realização do Plano Real
Antes do Plano Real, a hiperinflação assombrava o mercado financeiro brasileiro. Luiz recorda os dias de pregão parado, com investidores relutantes em mexer nas carteiras. Com rentabilidades astronômicas na renda fixa, a bolsa de valores era um território de alto risco. A inflação medida pelo IPCA atingia números estratosféricos, enquanto o IGP-DI anualizado alcançava patamares inimagináveis.
A entrada do real em circulação marcou o início de uma nova era para o mercado financeiro brasileiro. A memória da hiperinflação ainda ecoa, contrastando com a estabilidade trazida pelo Plano Real. Os operadores, antes aos berros no pregão, agora negociam de forma mais eficiente no ambiente eletrônico. O legado do Plano Real perdura, transformando o cenário financeiro do país para sempre.
Fonte: @ Valor Invest Globo