Neo-luditas buscam celulares simples: um mercado instável para pessoas que recusam tecnologias, com poucas opções disponíveis. Adolescentes desesperados também se inclinam. Especialistas alertam para rendimentos precários. (146 caracteres)
Os smartphones antigos têm um charme único que os diferencia dos modelos mais recentes. Relembrar a era dos smartphones antigos nos faz apreciar a evolução tecnológica que testemunhamos ao longo dos anos.
Enquanto os celulares inteligentes dominam o mercado atual, não podemos esquecer a simplicidade e eficácia dos celulares básicos e celulares simples. A diversidade de opções disponíveis nos smartphones antigos nos mostra como a tecnologia se adaptou às necessidades de diferentes usuários ao longo do tempo.
Reflexão sobre a Era dos Smartphones Antigos
Quase uma geração inteira cresceu sem conhecer a vida sem celulares inteligentes. Tempo suficiente se passou para que as pessoas aprendessem sobre os benefícios e malefícios desses dispositivos em suas vidas, seja por inúmeros estudos científicos, seja por suas próprias experiências. Muitas pessoas estão agora cientes dos custos de ter o mundo ao alcance dos dedos. E estão rejeitando as maneiras como esses celulares básicos podem prejudicar a concentração, afetar o sono e agravar problemas de saúde mental. Existem várias maneiras de lidar com essas questões, como instalar aplicativos que limitam o tempo de tela. No entanto, algumas pessoas estão decidindo ir mais longe, voltando a um tempo antes da conexão constante.
Elas estão migrando para celulares simples (em oposição aos smartphones), um termo abrangente para celulares com funções básicas, como chamadas, mensagens de texto e alarmes. Alguns celulares simples lembram os celulares flip dos anos 90. Outros são produtos de nicho, de alto padrão, que proporcionam uma experiência de celular inteligente simplificada a um custo surpreendentemente alto. Em alguns casos, pais preocupados estão optando por esses dispositivos como uma forma de manter seus filhos longe das distrações de um smartphone. Mas o mercado também inclui: idosos que desejam algo simples; trabalhadores em indústrias pesadas, como construção civil ou agricultura, que precisam de aparelhos resistentes; e usuários comuns que não podem pagar o preço médio de um smartphone, muitas vezes acima de US$ 500 (R$ 2.040), sendo que os smartphones topo de linha podem custar até US$1.600 (R$ 6.630).
No Brasil, o valor de um iPhone pode chegar a cerca de R$ 14 mil. Abandonar esses dispositivos também se tornou uma tendência: adolescentes desesperados para escapar das redes sociais estão se autoproclamando neo-luditas. Eu sabia que precisava tentar também. Crescendo em uma casa sem consoles de videogame no início dos anos 2000, jogava Halo e Borderlands na casa de amigos até ficar tonto e desorientado. Mais tarde, como repórter de jornal, absorvia a enxurrada de informações do Twitter entre os prazos de entrega e depois passava horas rolando notícias quando chegava em casa.
Durante a pandemia, abandonei o Twitter, mas sucumbi ao Instagram Reels. A sensação de estar sempre conectado corroía meu bem-estar. Sair do universo dos smartphones parecia perfeito para mim. No entanto, fazer isso, na prática, foi um pouco mais difícil do que eu esperava. Primeiro, tive dificuldade para conseguir um celular básico. Havia poucas opções e menos recomendações ainda, um contraste gritante com os milhões de análises de smartphones na internet. Finalmente encontrei um site do escritor e defensor dos celulares básicos Jose Briones, que oferece um ‘localizador de celulares básicos’. Acabei escolhendo um CAT-S22, um celular flip semi-inteligente, que tem acesso a aplicativos como Google Maps. Custou US$ 69 (R$ 352) e termina qualquer chamada com um estalido satisfatório. Quanto mais aprendia…
Fonte: © G1 – Tecnologia