Escândalo Rolex: vice-presidente Boluarte exposto usando vários relógios de luxo em eventos oficiais desde 2021. Reportagem do La Encerrona revela.
O presidente peruano, Pedro Castillo, viu sua popularidade despencar após a divulgação de supostas irregularidades em suas contas bancárias. As investigações apontam para possíveis esquemas de corrupção envolvendo o chefe de gabinete e alguns ministros do governo.
Apesar das denúncias, o presidente afirmou em entrevista coletiva que está comprometido em combater a corrupção em todas as esferas do governo. As medidas para investigar e punir os culpados estão sendo tomadas com rigor, declarou Pedro Castillo, reforçando o compromisso com a transparência em sua gestão como chefe de Estado.
Operação policial na residência da presidente
Durante a madrugada, agentes da polícia e representantes do Ministério Público realizaram uma busca na casa de Boluarte, localizada em Lima, a capital do Peru. Em seguida, a operação se estendeu ao palácio do governo. O chefe de gabinete da presidente informou que Boluarte estava na residência quando a ação aconteceu.
O coronel Harvey Colchado, um dos responsáveis pela operação, não divulgou se os relógios foram encontrados durante a busca. Ele alegou que a investigação foi conduzida de forma sigilosa. A operação foi desencadeada após o Ministério Público se negar a adiar uma audiência na qual a presidente deveria apresentar os relógios e seus comprovantes de compra.
De acordo com um documento da polícia, aproximadamente 40 agentes e promotores participaram da operação. O primeiro-ministro do Peru, Gustavo Adrianzén, expressou críticas às ações. ‘O que aconteceu representa um ataque inaceitável à dignidade da Presidência da República e à Nação que ela representa’.
Assumindo o cargo em dezembro de 2022, Boluarte passou a ser alvo de uma investigação neste mês sob suspeita de enriquecimento ilícito e omissão de informações em documentos públicos.
Consequências para a presidente Boluarte
Caso a presidente seja formalmente acusada de enriquecimento ilícito, ela só poderá responder a um possível julgamento após julho de 2026, ao término de seu mandato, como estabelece a Constituição. No entanto, as investigações podem prosseguir durante esse período.
Contudo, o escândalo pode desencadear um processo de vacância de Boluarte no Congresso, alegando ‘incapacidade moral’. Para isso, os partidos de direita, majoritários no Parlamento unicameral e principais apoiadores da presidente, precisarão unir-se às bancadas de esquerda, o que pode ser uma aliança complicada de ser formada.
Apuração torna-se pública
O escândalo envolvendo os relógios de luxo da marca Rolex veio à tona após uma reportagem do programa jornalístico ‘La Encerrona’, veiculada há algumas semanas.
A investigação revelou que Boluarte utilizou diversos relógios da marca em eventos oficiais desde sua posse como vice-presidente no governo de Pedro Castillo e ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social em 2021, e que continuou utilizando-os após assumir a presidência em dezembro de 2022.
Diante das acusações, Boluarte defendeu-se, afirmando que o relógio era um item ‘antigo’, adquirido com seu próprio esforço ao longo dos anos de trabalho desde os 18 anos. Ela declarou: ‘Entrei no Palácio de Governo com as mãos limpas e assim sairei, como prometi ao povo peruano’.
Com o escândalo, a Controladoria da República anunciou uma revisão das declarações de bens apresentadas por Boluarte nos últimos dois anos, em busca de discrepâncias financeiras. Enquanto isso, o Ministério Público continua investigando a presidente por supostos crimes, incluindo genocídio, homicídio qualificado e lesões graves, em decorrência dos protestos ocorridos entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, nos quais mais de 50 cidadãos perderam a vida. Boluarte foi interrogada pela primeira vez em março de 2023 no âmbito dessa investigação.
Fonte: © G1 – Globo Mundo