Em um mundo de redes sociais ativo, onde abundam “pitaqueiros”, “influencers” e youtubers financeiros, o modelo de remuneração comissionada, baseado em taxas fixas ou porcentuais, pautado em acordos antecipados, tem sido alvo de críticas sobre a atuação de profissionais de investimentos. Custos para investidor, perfil de risco, objetivos de retorno e instituições intermediárias financeiras exigem transparência na remuneração.
No mais recente post do blog da Way Investimentos, o renomado sócio Renato Stoeckli abordou um assunto crucial e pouco explorado, especialmente em um cenário onde os escritórios de Assessoria de Investimentos estão se destacando na oferta de produtos financeiros: a remuneração dos especialistas.
É fundamental compreender a importância da remuneração justa e transparente para garantir a motivação e o comprometimento dos profissionais de Assessoria de Investimentos. A compensação adequada não apenas valoriza o trabalho realizado, mas também estimula a busca pela excelência em um mercado cada vez mais competitivo.
Explorando os Diferentes Modelos de Remuneração na Assessoria de Investimentos
Sendo assim, com a devida permissão dele, vou abordar o assunto aqui na coluna, buscando complementar sua visão. Os dois principais modelos de remuneração dos profissionais de assessoria são: fee based (remuneração fixa), amplamente utilizado em mercados mais maduros, como EUA e Europa, e o commission based (comissão), modelo mais utilizado em nosso país.
De forma bem simples, vamos entender como funciona cada um. No modelo commission based (por comissão), o escritório de assessoria é remunerado de acordo com cada produto, suas especificidades e características próprias. Nesse caso, os diferentes produtos possuem diferentes taxas de remuneração e o investidor, muitas vezes, não tem conhecimento do custo.
Modelo de Remuneração Fee Fixo e suas Vantagens
Já no modelo fee fixo, adotado geralmente em mercados consolidados, o pagamento ao assessor se dá com base em um percentual previamente acordado entre ambos, incidindo sobre o patrimônio total investido. Em outras palavras, sua remuneração se altera apenas em função da variação do volume de patrimônio do investidor.
Analisando o mercado, a taxa bruta anual combinada varia, geralmente, entre 0,4% e 1% ao ano pelo serviço prestado e a cobrança é feita proporcionalmente, mês a mês. Por exemplo, uma carteira (média) de R$ 1 milhão, com uma taxa de 0,5% a.a. proporcionará uma remuneração de R$ 5 mil no ano, ‘rateado’ mensalmente.
Considerações sobre o Perfil de Risco do Investidor
Outro aspecto importantíssimo na análise tem a ver com o perfil de risco (suitability) do investidor. Por quê? No modelo de comissão convencional, os clientes são orientados a tomarem posições em ativos que atendam seu perfil de risco vis a vis aos seus objetivos de retorno.
Assim, como bem colocou Stoeckli, ‘a despeito de entendermos que a maioria dos assessores seja composta por pessoas idôneas e bem-intencionadas’, o modelo commission based, majoritariamente utilizado no Brasil, abre espaço para um questionamento: o assessor está indicando determinado produto por acreditar que, de fato, ele seja o mais adequado ou por ser um produto que remunera melhor o escritório?
Regulamentações e Transparência da Remuneração
Em outras palavras, há um eventual e indesejável conflito de interesses aqui. Vale ressaltar (importantíssimo ponto) que as Resoluções CVM 178 e 179, de fevereiro de 2023, que regulam a atividade de empresas de assessoria de investimentos, trazem obrigações a respeito da transparência da remuneração das instituições financeiras intermediárias e dos assessores.
Por experiência própria, como trabalhei em banco por muito tempo, constatei que esse modelo de comissão é muito adotado por essas instituições, que remuneram e premiam seus gerentes com base nos produtos vendidos a seus clientes, em geral através de ‘campanhas’ e afins. Nem sempre, como dizem meus alunos, ‘dá bom’. Mas, não é só!
Num mundo de redes sociais extremamente ativas, onde pululam ‘pitaqueiros’, ‘influencers’ e youtubers financeiros, o modelo de comissionamento tem sido alvo de muitas críticas com relação a atuação dos profissionais de investimentos. Muitos deles tentam bombardear o trabalho de
Fonte: @ Valor Invest Globo