Confronto entre Palmeiras e Novorizontino será decisivo para o meia Rômulo, futuro reforço alviverde, que almeja jogar a Libertadores e enfrentar o Boca Juniors ou Real Madrid.
Nesta quinta-feira (28), o jogador Rômulo terá a oportunidade de mostrar seu talento no jogo entre Palmeiras x Novorizontino, às 21h35. O craque, que atualmente defende o clube do interior de São Paulo, será reforço do alviverde após o Campeonato Paulista.
A expectativa é grande em relação ao desempenho do meia Rômulo durante a partida. O talentoso jogador promete mostrar sua habilidade em campo e contribuir para a equipe do Palmeiras. A torcida está ansiosa para ver o craque em ação.
A ligação de Rômulo com o futebol desde cedo
Dá para dizer, porém, que há também um pouco de passado no duelo. É que, aos 16 anos, Rômulo chegou a ser chamado para uma avaliação de duas semanas no Palmeiras, depois de se destacar em uma partida contra o clube em um jogo sub-17, pela Matonense.
A estrutura do ainda rival já o havia encantado, mas ele acabou não permanecendo…Mas voltando um pouco mais no tempo, antes do ‘reencontro’, a ligação de Rômulo com o futebol (e por que não com o Palmeiras) vem desde o pai, fã do craque Juan Roman Riquelme, um dos maiores ídolos da história do Boca Juniors.
Por muito pouco, inclusive, ele não batizou o filho com o nome daquele que já foi carrasco do Verdão nas CONMEBOL Libertadores de 2000 e 2001. ‘Minha esposa não deixou que chamasse Riquelme porque era muito feio. Batizei de Rômulo por causa do neto dos meus padrinhos. Nosso segundo filho ela colocou Rafael.
Quando veio o terceiro eu nem dei chance: fui ao cartório e registrei Riquelme’, disse Renato, ao ESPN.com.br.’Fiquei brava, mas depois acostumei (risos)’, disse Andréia, também à reportagem.Rômulo herdou o amor pelo futebol do pai, que é mecânico de caminhões e era goleiro na várzea.
Desde pequeno, só queria saber de jogar bola e ficava até doente quando sentia falta da melhor amiga.Quando estava com quase dois anos, ele acompanhou a mãe em uma visita aos parentes que moram na Espanha e conheceu o estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid.
Para o pai, era um sinal que o pequeno estava destinado a coisas grandes no futebol.Antes disso, o garoto precisou superar muitas dificuldades.
Aos cinco anos, entrou na escolinha do Clube Atlético Pirassununguense e passou a se destacar no meio dos meninos mais velhos, apesar de ser baixinho e franzino.’Eu era o técnico do time e vi que ele era um talento nato dele com a bola e tinha uma parte técnica invejável’, disse Marcão Pirassununga, que virou amigo da família.
Ele conseguiu muitas avaliações em clubes de São Paulo e de outros estados do país para o pupilo.O pai de Rômulo também era outra figura presente nas tentativas do garoto. No começo, pegava carros emprestados com amigos ou conhecidos para levar o filho nos testes.
Em seguida, incomodado com a situação, ele juntou o único dinheiro que tinha na época e comprou uma Belina (ano 1979) chamada pelo antigo dono de ‘Brigitte’.’Estava detonadinha, mas comecei a arrumá-la. A gente ia para os lugares só com o dinheiro da gasolina e do pedágio.
Não tinha dinheiro para comer, foi difícil’, recordou um emocionado Renato, aos prantos.Eles rodaram por muitas cidades do interior de São Paulo e passaram por vários apertos. Hoje, ‘Brigitte’ descansa na garagem da família.
‘Ela tem história e não a vendo de jeito nenhum’, garantiu o pai.
Tratamento para crescer
Rômulo tentou a sorte em São Paulo, Corinthians, Santos, Guarani, Ponte Preta e outras equipes do interior, mas não conseguiu ser aprovado.
Os pais guardam em casa uma pasta com todas as cartas dos clubes, recortes de jornais locais e fotos dos testes. De acordo com as contas feitas pela família, ele foi dispensado em 32 peneiras ao longo da carreira.’Ele sempre teve uma evolução física tardia e os times sempre o reprovaram por isso.
A gente ficava preocupado com a frustação dele, mas sabia que ele era tinha uma projeção para o futuro’, disse Rafael Queiróz, vice-presidente do Pirassununguense, ao ESPN.com.br. Para dar mudar a situação, a família buscou um médico em Pirassununga para fazer um tratamento hormonal por um ano para que o adolescente, com 13 anos à época, pudesse crescer.’No começo eram três injeções por semana, e o Rômulo falava que não aguentava mais porque era doloroso’, contou Andréia.Mesmo assim, o jovem continuou a ser reprovado e resolveu desistir para se focar nos estudos.
No entanto, seus pais e amigos o fizeram mudar de ideia e fazer um teste na Matonense.’Pedi para ele jogar apenas o segundo tempo contra o Taquaritinga. Fui a viagem toda conversando com ele e disse seria o último ‘não’ nosso juntos. A gente fez um pacto e ele arrebentou’, disse Marcão.Aprovado, o jovem saiu da casa dos pais e foi morar no alojamento do clube.
Ele sofreu bastante no período com a falta de estrutura e a dificuldade para manter o contato com a família.’O coração ficava muito apertado. Às vezes ficava brava porque ele era muito pequeno, mas era o sonho dele’, disse a mãe.O jovem ainda passou três meses emprestado na base do Athletico-PR, mas os clubes não chegaram a um acordo para a transferência.
Depois de se destacar contra o Palmeiras em uma partida pelo time sub-17, o meia foi chamado, aos 16 anos, para uma avaliação por duas semanas no Verdão e se encantou com a estrutura do clube.’Ele bateu na trave e não ficou por detalhes, são coisas que acontecem mesmo.
Talvez não estivesse preparado naquele momento’, disse Marcão.Com um porte físico mais avantajado, o jovem em pouco tempo subiu para o time profissional e jogou a Série B (quarta divisão) do Paulistão de 2019. Algum tempo depois, Rômulo recebeu um convite para jogar no Novorizontino.
Reencontro com o Palmeiras
Em 2020, Rômulo passou a jogar no time profissional e se destacou na ótima campanha da Série B do ano passado.
No começo de 2024, o meia recebeu sondagens dos clubes grandes de São Paulo e quase foi contratado pelo Botafogo, mas o negócio não aconteceu. Pouco tempo depois, o Palmeiras chegou a um acordo com o Novorizontino.’Quando ele me contou, eu tremia.
Só disse para gente quando tudo ficou certo, foi uma surpresa’, disse o pai.Curiosamente, o último jogo do meia com a camisa do Tigre pode ser justamente contra o futuro clube na semifinal do Estadual no Allianz Parque.’Fico muito orgulhosa. Meu coração agora é Novorizontino e vou torcer por ele.
Depois, será Palmeiras’, garantiu a mãe.’Ele está tranquilo e fala que está focado no Novorizontino até o fim do Paulistão. Ele é chamado de carrasco dos grandes (risos)’, disse o pai. Assim que chegar ao Palmeiras, Rômulo irá rever um dos maiores incentivadores da carreira.
Marcão Pirassununga trabalha há oito anos como observador técnico do Verdão.’Será muito gratificante poder abraçá-lo por toda a história que construímos juntos e todas as negativas que superamos’, disse o amigo.
Fonte: @ ESPN