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Empresa distribuiu US$ 61bilhões em dividendos e compra de ações (2014-2020), negociou lucros curtos, porém desinvestiu em segurança e novos modelos de aviões. Perda de mercado: defeitos, acidentes, indústria de defesa, terceirização, produção, recompensa, consolidação. Falhou em continuar no caminho de inovação e segurança, dividendos e recompra de ações (2004-atual), constrói novo-programa, fluxo de caixa livre, reabilitação necessária.
A trajetória recente da Boeing revela a empresa em um momento de turbulência. Em meio à perda de 10 pontos percentuais de participação de mercado para a rival Airbus, o Boeing 737-max enfrenta uma série de problemas que resultaram em acidentes graves na Indonésia e na Etiópia.
Apesar dos desafios enfrentados pela gigante da aviacao, a companhia está trabalhando arduamente para recuperar sua reputação e garantir a segurança de suas aeronaves. A Boeing continua sendo uma das principais referências no setor aéreo, buscando soluções inovadoras para manter sua posição de destaque no mercado.
Boeing: Da Ascensão à Queda
Em 7 de julho, o governo americano anunciou que a Boeing concordou, em princípio, em se declarar culpada de fraude em relação aos dois acidentes fatais envolvendo seus 737-Max, em 2018 e 2019. A situação atual da empresa aérea é um reflexo de uma série de decisões que acumularam perdas de mercado e abalaram sua reputação no setor de aviação.
Três pontos explicativos são cruciais para compreender a trajetória da Boeing. O primeiro remonta a 1997, quando a empresa adquiriu a concorrente McDonnell Douglas, marcando o início de uma fase de consolidação na indústria de defesa dos EUA. Esse movimento estratégico visava fortalecer a posição da Boeing no mercado, mas acabou por trazer desafios inesperados.
O segundo ponto crítico surgiu em 2005, com a decisão de terceirizar parte da produção de aeronaves. Essa mudança na estratégia de produção visava reduzir os custos e a necessidade de investimento em infraestrutura, transformando a Boeing de fabricante em montadora de aviões. No entanto, essa abordagem teve consequências negativas em termos de inovação e segurança.
A Boeing, ao longo dos anos, priorizou a recompensa aos acionistas em detrimento de investimentos em segurança e desenvolvimento de novos modelos. Entre 2014 e 2020, a empresa distribuiu bilhões em dividendos e recompras de ações, recursos que poderiam ter sido direcionados para melhorias na segurança das aeronaves e inovação tecnológica.
O último grande programa de construção de frota da Boeing foi o 787 Dreamliner, lançado em 2004. Esse projeto foi celebrado por Wall Street e impulsionou o valor de mercado da empresa para mais de US$ 200 bilhões em 2019. No entanto, a empresa enfrenta desafios significativos atualmente, com um market cap de US$ 112,8 bilhões e uma participação de mercado de 38%.
Apesar das promessas de reabilitação feitas pelo CEO David Calhoun, a Boeing enfrenta uma série de decisões cruciais que afetarão seu futuro. A necessidade de priorizar a segurança das aeronaves e reconstruir a cultura de segurança da empresa é fundamental para reconquistar a confiança dos investidores e do público em geral.
A Boeing está no caminho de gerar fluxo de caixa livre nos próximos anos, mas é essencial que a empresa tome medidas concretas para melhorar sua posição no mercado e restaurar sua reputação. A reabilitação da Boeing como uma líder confiável na indústria da aviação requer um compromisso renovado com a segurança, a inovação e a excelência operacional.
Fonte: @ NEO FEED