Pesquisa da USP revela que linfócitos T CD4+ em excesso podem danificar os pulmões. Descoberta de Igor Santiago-Carvalho e Maria Regina D’Império Lima.
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os tecidos pulmonares.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da tuberculose são fundamentais para a sobrevida dos pacientes, uma vez que a doença pode causar danos teciduais graves se não for tratada adequadamente, além de representar um desafio para a saúde pública.
Potencial de intervenções terapêuticas na tuberculose
Recentemente, um estudo publicado na revista Cell Reports identificou um acúmulo excessivo de células de defesa nos tecidos pulmonares, o que desencadeia danos nos pulmões, em vez de desempenhar uma função protetora. A pesquisa, realizada em modelos de camundongos com tuberculose virulenta e influenza, apontou a coexistência de uma ‘quantidade ideal’ de linfócitos nos tecidos pulmonares, para garantir um desenrolar eficiente da doença.
Salivação excessiva e tratamento da tuberculose
O estudo mostrou que até mesmo quantidades reduzidas de células T CD4+ nos pulmões foram suficientes para exercer um efeito protetor contra a tuberculose. Foi observado que o acúmulo dessas células nos tecidos pulmonares é mediado por um receptor específico, o P2RX7, que detecta a presença de ATP extracelular, o que ocorre em condições de estresse ou dano tecidual. A ativação do P2RX7 aumenta a expressão de CXCR3, um receptor de quimiocinas que atrai células específicas do sistema imunológico para áreas onde são necessárias.
Manipulação do sistema imunológico para controlar a tuberculose
De acordo com outro estudo, o acúmulo de células T CD4+ nos pulmões, induzido pela ativação do P2RX7, está ligado ao agravamento da patologia e à redução da sobrevida dos animais. Entender quais são os principais ‘jogadores’ no balanço entre uma resposta imune deficitária, uma ótima e uma excessiva é essencial para manipular essa resposta por meio de drogas e tratamentos, visando um melhor controle e desfecho da doença, como afirmado pela professora Maria Regina D’Império Lima, que pesquisa imunologia celular, principalmente em malária, doença de Chagas e tuberculose.
Foco em saúde pública e tratamento da tuberculose
A tuberculose é uma doença grave e importante problema de saúde pública. O tratamento é baseado em antibióticos, que devem ser administrados de forma regular por seis meses. Segundo registros da OMS, houve um aumento significativo de novos casos diagnosticados de tuberculose no mundo, em 2022, com 7,5 milhões de registros. Esse crescimento foi atribuído à ampliação dos serviços de diagnóstico e tratamento. A tuberculose ainda é frequentemente associada a uma resposta inflamatória deletéria, levando a dificuldades respiratórias e necrose pulmonar.
Contribuição para futuros tratamentos da tuberculose
Assim, compreender como as células T CD4+ induzem uma resposta inflamatória intensa e lesiva, que leva ao processo fibrótico no pulmão, pode auxiliar na busca por alternativas terapêuticas nesse cenário. O estudo apresenta perspectivas bastante promissoras para futuros tratamentos focados no controle da resposta imune em pacientes com tuberculose.
Fonte: © CNN Brasil
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