Pacientes com enxaqueca crônica que praticam mindfulness tiveram redução de 50% na frequência das crises de dor de cabeça.
A prática regular de meditação pode ser uma ótima aliada para aqueles que sofrem com dores de cabeça constantes. Um estudo italiano demonstrou que a técnica de mindfulness pode ser eficaz no alívio da dor para quem enfrenta enxaqueca crônica e cefaleia por uso excessivo de medicamentos, trazendo benefícios significativos para a qualidade de vida dessas pessoas.
A atenção plena durante a meditação pode ajudar a reduzir a frequência e a intensidade das dores de cabeça, proporcionando um alívio natural e duradouro para os pacientes. Incorporar a prática de mindfulness no dia a dia pode ser uma maneira eficaz de lidar com a dor de cabeça, trazendo equilíbrio e bem-estar em meio aos desconfortos do cotidiano.
Terapia Complementar com Meditação e Mindfulness para Enxaqueca Crônica
Os estudiosos descobriram que a meditação é uma excelente opção como terapia complementar para o tratamento da dor. A enxaqueca crônica é caracterizada por 15 ou mais dias de cefaleia por mês, associada ao uso excessivo de medicamentos agudos para controlar a dor por um período mínimo de três meses. Indivíduos que enfrentam essa condição normalmente limitam suas atividades diárias e sofrem impactos significativos em suas vidas pessoais e sociais.
Para esses casos, já existem opções de tratamentos farmacológicos e não farmacológicos bem conhecidos, mas estudos recentes têm apontado que abordagens baseadas na atenção plena podem trazer benefícios significativos. Tendo isso em mente, pesquisadores do Instituto Neurológico Carlo Besta, em Milão, na Itália, especializado no tratamento de cefaleias, decidiram estudar 177 pacientes divididos em dois grupos: um que recebeu o tratamento padrão com orientações sobre a redução de medicamentos em excesso, cuidados de saúde apropriados, estilo de vida e uso corretos de remédios; e outro que recebeu as mesmas orientações, mas também foi submetido à intervenção da prática de mindfulness.
Resultados Promissores
Os participantes realizaram seis sessões de meditação presencial em grupo, com duração de 90 minutos (uma vez por semana), além de orientação para práticas individuais diárias de 7 a 10 minutos. Eles foram treinados para usar a técnica em casa, com foco na respiração e na identificação de pensamentos, sentimentos e emoções emergentes.
Além disso, os pacientes foram encorajados a compartilhar informações sobre a dor de cabeça, a aceitar melhor a doença e reconhecer quando precisavam ou não de medicamentos. Após um ano, o grupo que recebeu intervenções de atenção plena apresentou uma redução de mais de 50% na frequência das crises de cefaleia em comparação com os dados iniciais do estudo , superando o grupo que recebeu apenas o tratamento padrão.
Essa melhora foi observada em 78,4% dos participantes que praticaram a atenção plena, em comparação a 48,3% no grupo que recebeu o tratamento padrão. Além disso, o grupo de meditação também viu aumentar seu tempo produtivo, bem como melhorias na qualidade de vida, além de relatar uma redução no uso de medicamentos e gastos totais relacionados à saúde.
Meditação e Empoderamento
Maria Ester Azevedo Massola, coordenadora da Equipe de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, considera esses resultados importantes, ressaltando o potencial das práticas de atenção plena como abordagens complementares para o tratamento da cefaleia. Ela destaca que tais resultados são relevantes, uma vez que o uso excessivo de medicamentos está associado à cronificação da enxaqueca.
Massola lembra ainda que já existem algumas evidências que sugerem benefícios da meditação no controle da dor de cabeça, principalmente estudos que relacionam a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) e mindfulness. Ela enfatiza que incluir práticas de atenção plena como parte do tratamento padrão oferece aos pacientes uma abordagem não farmacológica para gerenciar sua condição, o que é particularmente relevante dado os desafios associados ao uso excessivo de medicamentos para a dor de cabeça.
A prática da atenção plena capacita os pacientes a desenvolver habilidades para lidar de forma mais eficaz com a dor e o estresse, o que resulta na redução da frequência e intensidade das crises. Esta abordagem oferece ferramentas que promovem uma maior consciência corporal, ajudando o paciente a identificar sinais precoces de dor de cabeça e a tomar medidas preventivas antes que a dor se intensifique.
Integração de Práticas Integrativas
Na visão da especialista do Einstein, a integração de práticas que promovem a atenção plena deve ser considerada uma parte essencial do tratamento padrão para pacientes com enxaqueca e cefaleia. Ela ressalta que abordagens integrativas como mindfulness, meditação e ioga apresentam baixo custo, segurança e eficácia.
Essas práticas também auxiliam na redução da frequência e da intensidade das crises, além de diminuir a dependência de medicamentos para o controle da dor e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. A especialista enfatiza que a diferença nos resultados entre os dois grupos (78,4% contra 48,3%) aponta para um impacto positivo e clinicamente relevante da associação de mindfulness ao tratamento, mas ressalta que são necessários mais estudos para reforçar e confirmar os benefícios.
‘Os resultados são encorajadores. No entanto, é essencial considerar que o estudo foi realizado em um único centro especializado em cefaleia, com uma população específica, demandando mais pesquisas para avaliar a eficácia do mindfulness em diferentes populações e contextos clínicos’, ponderou.
Fonte: © CNN Brasil
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