Julgamento do lateral-direito termina hoje em Barcelona; MP pede 9 anos de prisão, denunciante sugere 12 anos; advogada cita atenuantes.
Daniel Alves é julgado na Espanha por acusação de estupro e aguarda sentença
Acusado de estupro, Daniel Alves é julgado na Espanha e aguarda sentença + Confira como foram os três dias de julgamento do jogador Todas as partes envolvidas no processo foram convocadas pela juíza Isabel Delgado Pérez a comparecer no Tribunal Provincial de Barcelona nesta quinta-feira: Daniel Alves, Inés Guardiola, advogada do jogador; Ester García, advogada da denunciante; e a promotora Elisabeth Jiménez.
A defesa do ex-lateral do Barcelona fez um novo pedido de liberdade condicional. Alves teve quatro requisições semelhantes negadas desde que foi preso preventivamente.
O que pede cada parte envolvida no processo:
- A defesa da denunciante pede pena máxima, de 12 anos de prisão
- A promotoria pede prisão de nove anos para o jogador e reforça que os acontecimentos ‘não são merecedores de pena mínima’.
- A defesa de Daniel Alves quer absolvição.
A advogada Inés Guardiola também pediu liberdade condicional, com retirada dos passaportes do Brasil e da Espanha do jogador.
- Em caso de condenação, a defesa do brasileiro pede que sejam aplicados como atenuantes: intoxicação alcoólica, reparação de dano via pagamento de 150 mil euros (R$ 801 mil), e violação do direito fundamental do acusado – a advogada alega que houve uma investigação inicial sem conhecimento do atleta.
Daniel Alves, no primeiro dia do julgamento do caso em que é acusado de estupro em Barcelona — Foto: Alberto Estévez/EFE
A denúncia e a prisão
Daniel Alves é acusado de uma agressão sexual no banheiro de uma boate de Barcelona no dia 30 de dezembro de 2022.
Ele foi detido no dia 20 de janeiro de 2023, quando compareceu para um depoimento. Daniel Alves era jogador do Pumas, do México, quando foi detido. O clube anunciou a rescisão de contrato com o lateral no dia da prisão do lateral. Quatro dias após sua prisão, o jogador contratou o advogado Cristóbal Martell, reconhecido por grandes casos na Espanha.
Em outubro, o espanhol deixou a defesa de Alves por considerar ‘um caso perdido’. Desde então, o jogador é representado pela advogada Inés Guardiola. Daniel Alves teve quatro pedidos de liberdade negados pela Justiça Espanhola, que usa como argumento o risco de fuga para o Brasil para sua decisão.
O lateral está em prisão preventiva no Centro Penitenciário Brians 2, nos arredores de Barcelona.
Veja como foi o terceiro dia do julgamento de Daniel Alves, que contou com depoimento do jogador
As provas colhidas
Depoimentos de profissionais da medicina forense no julgamento confirmaram a identificação de DNA de Daniel Alves no corpo da denunciante, que comprova a penetração.
Também foram encontradas amostras de sêmen no piso do banheiro, que foram confrontadas com material colhido do jogador na investigação. Os testes foram positivos. Não houve uma lesão vaginal, mas um médico ouvido enfatizou que há ‘casos de violência em que não há lesões físicas’, ou seja, que sexo não consensual não necessariamente provocaria ferimentos na região.
A vítima, porém, apresentou um hematoma no joelho, que corrobora com sua versão de ter caído no chão no ato da agressão. Uma das médicas ouvidas no julgamento indicou que a denunciante apresenta sintomas de estresse pós-traumático. A especialista indica que a vítima fica ‘muito nervosa ao escutar alguém falar português’.
Outros profissionais ouvidos afirmam que os testes foram superficiais, e os sintomas estão mais ligados a um transtorno de ansiedade. Psicólogos que prestaram depoimento admitem que o consumo excessivo de álcool de Daniel Alves na noite pode ter comprometido ‘as faculdades cognitivas’ do jogador.
No entanto, reiteraram que o lateral ‘podia distinguir o bem do mal’ e ‘sabia o que estava acontecendo’. Vídeos do circuito interno da boate foram exibidos durante o julgamento. A imprensa não teve acesso às imagens, mas pôde escutar o áudio. Em um momento, é possível ouvir o choro de uma mulher.
As diferentes versões de Daniel Alves
Joana Sanz, esposa de Daniel Alves, de mãos dadas com mãe do jogador, Maria Lúcia Alves — Foto: Lluis Gene/AFP O processo foi marcado pelas cinco diferentes versões apresentadas por Daniel Alves até a última, apresentada no julgamento, na qual alega embriaguez.
A vítima, por sua vez, manteve um depoimento do início ao fim.
- Em sua primeira manifestação sobre o caso, antes da prisão, Daniel Alves alegou que nem sequer conhecia a denunciante;
- Na segunda versão, em depoimento, Daniel Alves alegou que os banheiros masculino e feminino da boate tinham uma única porta, e que ele havia entrado ao mesmo tempo que a moça.
O jogador, no entanto, negou que tenha cometido ato sexual;
- Na terceira versão, após sua prisão, Alves admitiu relação com a vítima, mas que teria sido sexo oral e consensual;
- A quarta versão apresentada pela defesa do jogador diz que ele manteve relação sexual com a denunciante, com penetração.
Mas o ato foi consensual;
- A quinta versão surgiu a dias do julgamento. Daniel Alves alega que estava muito embriagado naquela noite, e que o ato foi consensual.
Fonte: © GE – Globo Esportes