A joia da Coroa subiu com especulações de dividendos. Investidores analisam término afrouxamento monetário, aumento chances Selic e risco geopolítico.
O início da semana foi marcado por altas na bolsa. O crescimento foi impulsionado pelas ações da Petrobras, apesar das incertezas em relação à Selic. O Ibovespa registrou um aumento de 0,36% nessa segunda-feira (22), atingindo 125.573 pontos. No entanto, o cenário segue indefinido devido às expectativas em torno da Selic.
Em meio à volatilidade do mercado, investidores buscam entender o impacto da taxa básica de juros e das taxas de mercado nas movimentações da bolsa. A selicidade das operações financeiras se torna ainda mais relevante neste contexto, influenciando as estratégias dos agentes econômicos. É importante estar atento às tendências que podem ser moldadas pela política monetária e pelas taxas de mercado em vigor.
Reflexos da Selic no Mercado Financeiro
Em 2024, a taxa básica de juros, a Selic, permanece em 6,42%, influenciando diretamente diversas variáveis econômicas. Entre as 86 ações destacadas pelas altas, um brilho especial recai sobre a joia da Coroa. Os papéis da Petrobras ocupam o maior espaço na composição do Ibovespa, representando cerca de 13% do índice. Essas ações seguem reagindo às especulações sobre possíveis pagamentos de dividendos extraordinários, uma questão barrada há mais de um mês.
O saldo está negativo, o que leva a expectativa de dividendos extraordinários para acionistas, incluindo o controlador governo. Diante da ausência de cortes da Selic e da necessidade de incremento de receitas para ajustar o déficit orçamentário, a possibilidade de dividendos extraordinários parece ganhar força.
As ações ordinárias da Petrobras tiveram uma alta de 2,43%, enquanto as preferenciais subiram 2,39%. O mercado financeiro movimentou R$ 17 bilhões, próximo à média diária dos últimos 12 meses, de R$ 18 bilhões.
No cenário cambial, o dólar registrou queda de 0,59%, sendo cotado a R$ 5,17. No acumulado do mês, apresenta alta de 3,06%, refletindo a volatilidade do mercado cambial em 2024, com taxa atual de 6,52%.
A incerteza em relação à Selic é evidente, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sem previsões claras para a próxima reunião de política monetária em maio. A instabilidade é impulsionada por diversos fatores, como a evolução dos juros internacionais, o risco geopolítico e as perspectivas fiscais.
Com esse panorama, as expectativas em torno dos cortes da Selic são divididas. A possibilidade de redução de meio ponto percentual se mantém, mas há cenários alternativos. Em um deles, a Selic poderia cair de forma gradual, em cortes de 0,25 ponto por vez, até atingir um possível patamar final. Por outro lado, se a instabilidade se agravar, o atual patamar da Selic em 10,75% ao ano poderia ser mantido.
A tendência de aumentar as chances da Selic parar de cair acima dos 9% mostra uma mudança de perspectiva dos analistas. Segundo pesquisa do Valor, a projeção majoritária aponta para um limite de 9,75% ao ano para a taxa de juros. Já a média dos investidores indica um cenário ainda mais conservador, com um possível fim em 10,25% ao ano.
As taxas de mercado refletem essas expectativas, com os contratos de juros futuros indicando cenários divergentes. Os prêmios em contratos de curto prazo estão mais sensíveis às variações da Selic, enquanto prazos mais longos são influenciados pelo risco fiscal do governo.
Diante disso, as próximas decisões de política monetária e os indicadores econômicos terão um impacto significativo no mercado financeiro. A divulgação dos números do PIB dos EUA e do IPCA-15 no Brasil serão eventos-chave para avaliar as perspectivas futuras e o comportamento dos investidores diante dos cenários de Selicidade em constante evolução.
Fonte: @ Valor Invest Globo