Receber o diagnóstico é desafiador, mas requer cuidado com a saúde mental e compreender emoções, plano e perspectiva, informações confiáveis e ambiente tranquilo.
O diagnóstico de câncer pode ser um momento extremamente desafiador na vida de uma pessoa. A notícia pode abalar as estruturas emocionais e físicas e requer um suporte emocional e médico que ajude o paciente a lidar com as transformações necessárias para o tratamento. É importante lembrar que o diagnóstico de câncer não é uma sentença, e sim o início de um processo que envolve cuidados, acompanhamento e muita força de vontade para enfrentar todas as etapas da doença, do diagnóstico ao tratamento.
Na oncologia, o estudo das neoplasias e tumores é fundamental para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas e diagnósticos mais precisos. A busca por tratamentos mais eficazes e menos invasivos é constante, visando aumentar as chances de cura e garantir uma melhor qualidade de vida para os pacientes. É importante estar atento aos sinais e sintomas, realizando exames preventivos e mantendo um acompanhamento médico constante, pois o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento do câncer.
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Enfrentando o diagnóstico de câncer com maneiras práticas
No entanto, existem algumas formas práticas de tornar esse momento um pouco mais leve e menos impactante. O diagnóstico de câncer sempre vai trazer incertezas para o paciente. Então, uma das estratégias para tentar amenizar essa sensação é formular um plano concreto e ter uma perspectiva do que está por vir nos cuidados e no tratamento oncológico.
Essa abordagem traz bastante tranquilidade, porque uma das principais causas da ansiedade não é apenas o medo do diagnóstico em si, mas o medo do desconhecido, do que acontecerá a seguir’, afirma Daniela Rosa, oncologista clínica e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Esse plano estratégico passa tanto por questões médicas, como os estágios do tratamento e cuidados diários específicos, como também envolve aspectos psicológicos e pessoais. Veja abaixo algumas medidas que podem auxiliar no enfrentamento do diagnóstico de câncer, contribuindo para diminuir a ansiedade e construir uma rede de apoio mais efetiva. É perfeitamente natural sentir medo e ansiedade diante do diagnóstico de câncer, e esse sentimento deve ser respeitado, tanto por pessoas ao redor quanto pela própria pessoa que recebeu o diagnóstico.
Não se culpar e permitir-se sentir essas emoções é um primeiro ponto bastante importante. No entanto, é necessário também estar atento para não se prender a essas emoções. Apenas sentir e soltar. ‘O medo é uma reação natural diante da incerteza e da ameaça à vida, e é fundamental se permitir sentir e expressar essa emoção.
No entanto, é igualmente importante não deixar o medo dominar’, orienta o psicoterapeuta Thiago Guimarães, especializado pelo Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa de São Paulo. ‘Uma abordagem útil é explorar as origens desse medo, identificando quais aspectos específicos do diagnóstico estão desencadeando essa emoção.
Isso pode envolver examinar crenças subjacentes sobre a doença, a morte, o sofrimento, entre outros temas’, completa o especialista.
Ao compreender as emoções e, minimamente, suas origens, é fundamental também tentar racionalizar a situação. ‘Uma estratégia simples é questionar a si mesmo como seria possível apoiar uma pessoa próxima que recebesse o mesmo diagnóstico de câncer’, sugere Larissa Fonseca, psicóloga especialista em ansiedade, crise de pânico, burnout e sono. ‘Avaliar o que pode ser feito dali para frente também é uma atitude importante que reforçará o processamento racional’, acrescenta. Enfrentar de forma racional o diagnóstico do câncer e reduzir a ansiedade envolve também informar-se por meio de fontes confiáveis.
Para isso, é imprescindível se sentir à vontade para esclarecer todas as dúvidas com a equipe de saúde que realiza o atendimento, além de buscar outras referências especializadas. ‘O paciente pode e deve questionar à equipe de saúde onde buscar informações confiáveis. Há muita desinformação, as populares fake news. O câncer ainda é um assunto muito debatido e há preconceitos baseados em dados antigos relacionados à doença e ao tratamento oncológico, e isso precisa ser desmistificado’, destaca a oncologista Daniela.
Essas fontes de informação podem ser sites governamentais, como do Ministério da Saúde, centros de oncologia e ONGs, assim como da própria equipe de saúde que está prestando atendimento ao paciente. Contar com uma rede de apoio é fundamental para se manter firme após o diagnóstico e durante todo o tratamento.
No começo, pode ser complicado e sensível comunicar a situação para familiares e amigos, mas é necessário ser honesto sobre o que está acontecendo. ‘É importante escolher o momento adequado e um ambiente tranquilo para essa conversa. É fundamental ser claro e objetivo sobre a situação, compartilhando informações com clareza, ao mesmo tempo demonstrando empatia e disponibilidade para responder às questões e preocupações dos familiares’, diz o psicoterapeuta Thiago. Comunicar-se aberta e sinceramente com os familiares e amigos próximos é crucial para que todos possam enfrentar a situação de maneira forte e unida. ‘Se possível, levar o familiar na consulta médica para discutirem o assunto de maneira prática e sob orientação do profissional de saúde. O psicólogo também poderá ajudar nesse processo com a família’, completa Larissa. Além dos familiares, é interessante buscar grupos de apoio específicos para pacientes com câncer. ‘A participação em grupos de apoio oferece uma rede de compreensão e as atividades sociais fortalecem as conexões interpessoais, importantes para o suporte emocional’, explica a psicóloga. A terapia individual também é uma opção nesse processo, oferecendo ferramentas específicas e individualizadas para abordar padrões de pensamentos negativos e promover uma mentalidade distante da negatividade diante dos desafios do câncer, conforme explica Larissa.
Mantendo uma rotina saudável durante o tratamento
Por fim, mas não menos importante, é crucial manter uma rotina de cuidados pessoais. Isso inclui manter atividades que tragam prazer, como hobbies, ir ao shopping, ao teatro, a shows, passeios e viagens, além de manter uma rotina de atividades físicas (respeitando os limites individuais) e uma dieta saudável. ‘Diversas pesquisas já destacaram a importância da atividade física antes, durante e após o tratamento oncológico, não só para diminuir o risco de ter câncer, mas também para reduzir o risco de ter efeitos colaterais do tratamento e diminuir a possibilidade de recidiva [células cancerosas que podem permanecer despercebidas no corpo por anos após o tratamento] do câncer’, destaca Daniela. Práticas de relaxamento como a meditação, respiração profunda e ioga também são ferramentas importantes no processo. Manter uma boa qualidade do sono é outra medida crucial. ‘Praticar técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda ou yoga, também pode ajudar a acalmar a mente e reduzir a ansiedade’, finaliza Thiago.
Fonte: © CNN Brasil
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