Desligamentos pedidos por profissionais com pós-graduação indicam aquecimento do mercado de trabalho e do volume de postos, mostrando capacidade técnica e flexibilização.
Nos últimos meses, temos observado um aumento significativo no número de demissões voluntárias. Muitos funcionários têm optado por pedir para sair, em busca de novas oportunidades ou devido a insatisfações com o atual ambiente de trabalho. As empresas têm lidado com essa questão de diferentes maneiras, oferecendo pacotes de benefícios para atrair mais desligamentos voluntários e reduzir o impacto no quadro de trabalhadores.
Essas demissões voluntárias têm contribuído para uma redução no índice de desemprego, aliviando as empresas de possíveis desligamentos em massa. Além disso, os funcionários que optam por esse caminho têm direito a receber as parcelas do acordo de demissão, de acordo com a legislação trabalhista. Os documentos de demissões estão sendo preparados para oficializar os desligamentos e garantir que tudo transcorra dentro dos parâmetros legais.
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Reforma Trabalhista e Demissões Voluntárias: Um Reflexo da Nova Realidade do Mercado de Trabalho
As demissões voluntárias vêm apresentando um crescimento significativo no Brasil, atingindo um recorde de 7,3 milhões de pessoas em 2023. Esse montante representa 34% dos mais de 21,5 milhões de desligamentos registrados ao longo do ano, indicando uma clara mudança de cenário em relação ao mercado de trabalho.
Essa tendência de elevação das demissões voluntárias tem sido observada durante a pandemia da Covid-19 e está associada a fatores como a retomada do aquecimento da economia e as transformações nas relações de trabalho, especialmente com a popularização do home office, que mudou as prioridades dos profissionais, sobretudo os mais jovens.
Segundo Filipe Fonoff, professor de pós-graduação em gestão de pessoas e consultor empresarial, essa mudança nos indicadores está relacionada a dois fatores principais: a redução da taxa de desemprego e a maior dinamicidade do mercado de trabalho. É interessante notar que esta tendência é mais evidente em estados como Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, que apresentam baixas taxas de desemprego, que ficam em torno de 3,6% e 4%, respectivamente, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, a média nacional de desemprego foi de 7,8% em 2023, o que representa a menor taxa em quase dez anos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Fatores que Influenciam as Demissões Voluntárias
Uma análise mais detalhada revela que a tendência de demissões voluntárias varia também de acordo com o nível de instrução e faixa etária dos trabalhadores. Por exemplo, profissionais com pós-graduação completa apresentaram uma taxa de 46,9% das demissões partindo do próprio trabalhador, enquanto entre os trabalhadores com doutorado essa fatia foi de 40,9%. Já trabalhadores com níveis de instrução mais baixos, como aqueles com até o 5º ano incompleto, registraram a menor parcela de demissões voluntárias, com 24,2% do total de desligamentos.
Além disso, dados apontam que a faixa etária mais recorrente para realizar uma demissão voluntária corresponde aos mais jovens, entre 18 a 24 anos, com 39,5% em relação ao total de desligamentos. Enquanto isso, a busca por um home office é vista como um reflexo desse movimento, onde os jovens valorizam muito mais a experiência do que a posse, ao contrário das gerações anteriores.
Essa transformação no mercado de trabalho também é impulsionada pela reforma trabalhista, que trouxe flexibilização e ofertas de emprego melhores, impactando particularmente a população mais jovem. De acordo com Filipe Fonoff, a nova oferta de emprego e as vagas com menor tempo de permanência têm impactado de maneira significativa os jovens profissionais.
Fonte: © CNN Brasil