Carlos Fávaro alerta para a baixa rentabilidade devido a distorções climáticas. Sugere medidas estruturantes e ampliação de recursos.
A crise no agro preocupa não só os produtores rurais, mas também o governo, que está buscando soluções para o problema. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a equipe econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está trabalhando em cenários para elaborar uma proposta de plano de ajuda aos produtores rurais.
O colapso no setor agrícola é uma realidade que preocupa a todos, por isso é essencial que medidas sejam tomadas rapidamente para mitigar os impactos negativos. Fávaro se reuniu com Haddad para apresentar um diagnóstico da situação do agronegócio brasileiro e discutir possíveis ações para enfrentar a crise no agronegócio.
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A preocupação com a crise no agro
Na conversa, o ministro da Agricultura apontou a preocupação com a rentabilidade atual da safra, que segundo ele gera uma ‘distorção muito grande’ por conta das condições climáticas do Brasil. O momento de quebra de safra vem acompanhado de altos preços, mas se a gente olhar o global, a safra, por exemplo, de soja na Argentina, que no ano passado foi de 25 milhões de toneladas, esse ano a previsão é de 45 [milhões de tonelada]’, explicou.
‘A safra do Rio Grande do Sul incorporou 10 milhões de toneladas esse ano a mais que no ano passado.
Então, o resultado final, a perspectiva é que tenhamos uma safra de soja com 15 milhões de toneladas a mais do que a supersafra do ano passado’.O ministro seguiu dizendo que o endividamento feito nos últimos anos agora está como um passivo grande para o setor, resultando na falta de renda para o produtor rural.Ainda de acordo com Fávaro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está preparando anúncios de ampliação de recursos para o setor, que será divulgado no dia 2 de fevereiro.As medidas estruturantes, porém, só serão apresentadas após a análise da equipe econômica e aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Fávaro disse que vai conversar sobre o assunto com Lula após a equipe de Haddad desenhar cenários e obter algumas propostas para o setor e assim evitar uma possível crise no agro.’Ele [Haddad] determinou que a equipe faça o diagnóstico de quanto é o endividamento do setor que vence agora em 2024, quanto precisa de equalização de taxa de juro para prorrogar essa dívida, para achar se é possível, e quanto que é possível fazer nessa negociação caso seja uma determinação do presidente Lula’, frisou.Como antecipou a CNN, um conjunto de medidas — como novas linhas de crédito, aumento do capital de giro e novos prazos para o pagamento de dívidas — está em preparação e deve ser anunciada nos próximos dias.Nos últimos 12 meses, as cotações da soja e do milho caíram mais de 20%.
A situação atual do setor agrícola e as medidas estruturantes
Os preços do café e de outras commodities também despencaram.Além do clima adverso, que prejudica a colheita nas principais regiões produtoras do país, houve aumento da oferta de grãos no mercado internacional.Há uma combinação incomum de queda da produção de grãos — especialmente na região Centro-Oeste — com um tombo nos preços internacionais, descapitalizando os produtores.O ministro da Agricultura também enfatizou que a pasta está trabalhando na adoção de novas tecnologias para melhorar o seguro rural.
O aprimoramento do seguro rural e as novas tecnologias
Segundo ele, as medidas serão tomadas para auxiliar o Tesouro, que tem limitações para emitir as apólices.’No ano passado, o ministro Haddad estava convencido que precisava colocar mais recursos para a subvenção, mas não é possível. Está convencido, mas não tem dinheiro, há uma distância muito grande nisso.
Então, o que vamos fazer é o estudo de novas tecnologias para baratear a apólice e ampliar o número de cobertura’, afirmou. A ideia, segundo Fávaro, é aprimorar com tecnologia a vida no campo.
Ele citou dispositivos para cruzamento de informações tecnológicas e receituários agronômicos cruzados com meteorologia para indicar ao produtor a melhor hora de plantar e a melhor metodologia e variedade, entre outros.Segundo o ministro, o modelo já existe no México e está em análise para prática no Brasil.’Estamos estudando para trazer ao Brasil e este modelo deve ser então anunciado no plano safra’, frisou.
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Fonte: © CNN Brasil
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