Mais de 20% das empresas avaliadas tiveram nota 5 ou menos no relatório, abordando direitos humanos, rastreabilidade e transparência.
O relatório da KnowTheChain aponta que o trabalho forçado continua sendo uma realidade em várias indústrias ao redor do mundo, incluindo a indústria da moda. Mesmo com a conscientização crescente sobre as práticas de exploração, muitas marcas ainda não estão adotando medidas eficazes para erradicar o trabalho forçado de suas cadeias de produção.
Essa falta de ação está contribuindo para a perpetuação da escravidão moderna e para a manutenção de condições de trabalho desumanas para milhões de trabalhadores em todo o mundo. É urgente que as marcas de moda assumam a responsabilidade de combater a exploração de mão de obra e garantam que suas cadeias de produção sejam livres de qualquer forma de trabalho forçado.
Relatório aponta exposição ao risco de trabalho forçado
O estudo avaliou 65 empresas do setor quanto à exposição ao risco de trabalho forçado usando uma metodologia baseada nos Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos. As companhias obtiveram, em média, nota 21 de 100.
A gigante do luxo francesa LVMH, dona das marcas Christian Dior, Givenchy e Louis Vuitton teve uma das piores notas, 6/100. Mais de 20% das empresas avaliadas obtiveram 5/100 ou menos, deixando de fornecer e divulgar medidas para aqueles cujos direitos foram violados, afirmou a KnowTheChain no relatório. Segundo a organização, o resultado é uma ‘acusação em um setor em que violações dos direitos humanos são consistentemente descobertas’. Isso ‘demonstra que, diante de conflitos, da crise climática e da instabilidade econômica exacerbando o risco de trabalho forçado, as políticas e práticas corporativas estão aquém’, afirmou o relatório da organização, divulgado no mês passado.
Variação nas notas das empresas avaliadas
A marca Lululemon, do Canadá, foi a melhor entre as 65 empresas, com uma pontuação de 63/100. Já a Puma (58/100) foi a segunda melhor colocada, e a Adidas (55/100) ficou em terceiro. A Nike teve nota 48 de 100. Amazon e Walmart obtiveram 32 de 100, colocando-os entre as empresas de melhor desempenho.
Análise das práticas de compras das empresas avaliadas
O relatório avaliou aspectos como as práticas de compras das empresas, como preços baixos que impossibilitam pagamentos adequados, falta de planejamento e mudanças de prazos e tamanho dos pedidos, que podem proporcionar condições preocupantes para trabalhadores. ‘As práticas de compra das empresas também podem desempenhar um papel crucial garantindo que os fornecedores possam pagar salários dignos aos trabalhadores e proporcionar um ambiente de trabalho seguro‘, segundo o estudo. Também foram avaliadas características como a rastreabilidade e transparência da cadeia de produção, e as políticas para proteção das mulheres, mais sujeitas à violência sexual dentro dos ambientes fabris.
Pouca divulgação de dados sobre as trabalhadoras nas cadeias de fornecimento
‘Mais da metade (55%) das empresas ainda não divulgaram dados sobre as trabalhadoras em suas cadeias de fornecimento’, escreve a KnowTheChain. ‘A falta de divulgação da composição de gênero da força de trabalho sugere uma atenção limitada aos riscos de gênero que a maioria dos trabalhadores na indústria de vestuário enfrenta globalmente’.
Fonte: © Exame.
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